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domingo, 13 de abril de 2008

OS TERRORISTAS MAIS PROCURADOS DO MUNDO

Os terroristas mais
procurados
Quem realmente são os terroristas?

Em 13 de fevereiro deste ano, Imad Moughniyeh, um comandante
do Hizbollah, foi assassinado em Damasco.
“O mundo será melhor
sem ele”
, comemorou Sean McCormack, porta-voz do Departamento
de Estado de George W. Bush.
Mas que “mundo” seria esse?

Os terroristas mais procurados

Em 13 de fevereiro deste ano, Imad Moughniyeh, um comandante
do Hizbollah, foi assassinado em Damasco.
“O mundo será melhor
sem ele”,
comemorou Sean McCormack, porta-voz do
Departamento de Estado de George W. Bush.
Israel também
celebrou que “um dos maiores inimigos dos Estados Unidos e de
Israel foi levado à justiça”,
segundo o jornal israelense Haaretz.
Mas
de que “mundo” eles estão falando?
Essa terminologia está correta se considerarmos apenas as regras
do discurso anglo-saxônico, que define “mundo” como a classe
política dos Estados Unidos, Reino Unido e seus aliados.
Por
exemplo,
ainda é comum a afirmação de que “o mundo apoiou
George W. Bush”
na decisão de atacar o Afeganistão e o Iraque.
Mas no mundo real, a história era outra.
De acordo com a pesquisa
internacional realizada pela Gallup, o apoio era de 2% no México e
12% no Brasil – se considerado que os verdadeiros culpados pelos
atentados de 11 de setembro fossem os únicos alvos, poupando
zonas civis de ataques, o que não aconteceu.
Se esse “mundo” englobasse todos os do verdadeiro mundo,
certamente os “grandes inimigos” também seriam outros.
Por
exemplo:
em 1985, o seqüestro de uma embarcação privada
(Achille Lauro) que resultou na morte de um paraplégico
estadunidense foi considerado “a grande história de terrorismo do
ano”
, em uma pesquisa entre editores de jornais estadunidenses.

Mas ninguém no “mundo” parou para entender que o ataque ao
Achille Lauro foi uma retaliação contra os bombardeios de Israel na
Tunísia, ordenados pelo então primeiro-ministro Shimon Peres, em
que 75 civis tunisianos e palestinos foram mortos pelas “bombas
inteligentes” israelenses.
A Casa Branca cooperou com o massacre,
ao se recusar a informar ao governo tunisiano que bombas estavam
a caminho de áreas civis.
O então secretário de Estado George
Shultz deixou isso claro ao afirmar publicamente que “Washington
tem uma simpatia considerável quanto às ações israelenses na
Tunísia”.
Portanto, para esse “mundo”, o assassinato do paraplégico
estadunidense foi apresentado com horror comparado somente aos
filmes de Hollywood.
A “brutalidade” dos palestinos, segundo o
então chefe de Estado de Israel, Rafael Eitan, só podia ser “obra
desses demônios de duas cabeças”.
A sinceridade emocional de
comentários como esse, que marcaram a época, pode ser
comparada somente à campanha terrorista dos Estados Unidos e
de Israel.
Em uma delas, em abril de 2002, dois paraplégicos
palestinos, Kemal Zughayer e Jamal Rashid, foram assassinados
por forças israelenses em Jenin.
O corpo mutilado de Zughayer foi
encontrado junto aos restos de sua cadeira de rodas e de uma
bandeira branca que ele segurava no momento do massacre.

Rashid foi esmagado sob os destroços de sua residência quando
uma demolidora israelense Caterpillar (fornecida pelos Estados
Unidos) arrastou sua casa, com sua família dentro, por algumas
dezenas de metros.
Neste caso, a reação do “mundo”, ou melhor, a
falta de reação, é costumeira.

Ainda sobre o assassinato de
Imad Moughniyeh, vítima de um
atentado terrorista israelense na
Síria,
a mais dura acusação
contra o comandante do
Hizbollah (nunca comprovada)
era de ter planejado o ataque
contra a embaixada israelense de Buenos Aires em 1992,
supostamente em retaliação ao assassinato conduzido por Israel do
então líder do Hizbollah, Abbas Al-Mussawi.
Neste evento, Israel fez
uso de helicópteros estadunidenses para invadir o território libanês
e eliminar Mussawi e toda a sua família, incluindo seu filho de 5
anos, além de outros civis libaneses do sul do país.
Foi a partir de
então que “o Hizbollah mudou as regras do jogo”, segundo Yitzhak
Rabin, primeiro-ministro de Israel na época, pois os foguetes ainda
não choviam sobre Israel.
As “regras do jogo” eram que o “lar
nacional judaico”
podia fazer à vontade as suas campanhas de
assassinatos em massa em qualquer lugar do Líbano, e o Hizbollah
poderia retaliar somente dentro do próprio território libanês ocupado
ilegalmente por Israel.
Foi a partir do assassinato da família de
Mussawi que o Hizbollah também passou a atacar o território
israelense.
De imediato, ironicamente, as operações da resistência
libanesa foram classificadas para
“o mundo” como “atos terroristas
intoleráveis”.

Dessa forma, existem três categorias de crimes:
homicídio com
intenção de matar,
homicídios acidentais e
homicídios com
conhecimento prévio, mas sem intenção especifica.
As ações dos
Estados Unidos e Israel, de maneira eufemística, caem sob a
terceira categoria.
Portanto, quando Israel destrói as fontes de
energia elétrica de Gaza,
envenena a água ou
bloqueia as ruas de
acesso a hospitais na região,
a intenção não é de matar
especificamente aquelas pessoas que morrem, mas é
conhecimento geral que alguém (algum palestino) irá morrer.
Se,
por um momento, fosse possível adotar a perspectiva do verdadeiro
mundo, seria interessante perguntar
“quem são os terroristas mais
procurados?”