quarta-feira, 14 de maio de 2008

ESCLARECIMENTOS DO CONFLITO

História - esclarecimentos
Pessoal, decidi escrever esse texto para esclarecer certos conceitos errôneos em relação à origem do conflito e responder algumas dúvidas colocadas em posts anteriores.
É bem resumido e tem como base fundamentalmente os trabalhos dos novos historiadores israelenses.
Pra começar, dizer que existe conflito porque os árabes recusaram a partilha é falso.
O que aconteceu foi que uma ideologia discriminatória pretendia se impor artificialmente numa região já habitada majoritariamente por um grupo étnico diferente há séculos.
Para alcançar o objetivo de estabelecer um estado judeu seria necessário tornar os palestinos minoria nessa região, através de imigração maciça de judeus e expulsão dos palestinos, seja através de pressão econômica, social ou militar.
Foi por isso que os conflitos começaram, ainda na década de 20.
A Inglaterra encomendou estudos para saber as razões desses primeiros distúrbios entre árabes e judeus e não encontrou um conflito sequer digno de nota entre os dois grupos em mais de 4 gerações passadas, concluindo que o descontentamento palestino se devia à frustração por não ter conquistado a independência e o temor pelas consequências da imigração judaica e da ideologia sionista sobre suas vidas.
Em resposta aos protestos palestinos e das organizações árabes, a Inglaterra adotou uma posição dúbia, ora tomando medidas que prejudicavam os judeus, ora que prejudicavam os palestinos sem, no entanto, contemplar satisfatoriamente aos dois lados.
Propostas de partilha anteriores foram feitas, mas recusadas por ambos os lados.
Ben-Gurion deixa bem claro em cartas a seu filho, em discursos à Assembléia Sionista e até mesmo às comissões de estudo inglesas para resolução do problema que ele nunca se contentaria com a partilha da Palestina.
Quando a Inglaterra não sabia mais o que fazer com o abacaxi resolveu passá-lo à recém-criada ONU.
Foram apresentadas duas propostas a serem submetidas a votação: uma por um estado único e outra por dois estados.
No dia da votação, a proposta pelo estado único venceria, mas Oswaldo Aranha, numa atitude no mínimo intrigante, cancelou a votação às 18:30h, alegando que não haveria tempo suficiente para seu término naquele dia.
Outra data foi marcada, mas então a França apresentou um pedido para uma terceira data. Enquanto isso rolaram alguns cheques em branco para certos países indecisos, dentre eles o Uruguai.
Finalmente, então, a sugestão de 2 estados foi aprovada.
Os judeus correspondiam a 30% da populaçao da Palestina e haviam comprado de 6 a 7,5% das terras palestinas.
Ben-Gurion a esse respeito disse: "In my heart, there was joy mixed with sadness: joy that the nations at last acknowledged that we are a nation with a state, and sadness that we lost half of the country, Judea and Samaria, and , in addition, that we [would] have [in our state] 400,000 [Palestinian] Arabs." .
Ou seja, estava feliz por conseguir um estado, mas triste por este não abarcar toda a Palestina e conter muitos árabes.
Logo, para resolver esse “problema”, foi organizado um plano de limpeza étnica e expansão territorial que seria levado a cabo pelas milícias judaicas organizadas, o famigerado “Dalet Plan”, que consistia em ataques a vilas e cidades selecionadas, a expulsão dos habitantes e sua destruição, mesmo FORA DO TERRITÓRIO alocado aos judeus pelo Partition Plan.
Em dezembro de 1947, foi feita a primeira operação de limpeza étnica.
Por outro lado, os árabes organizaram uma resistência em forma de guerrilha, o ALA (Arab Liberation Army), também em dezembro de 1947.
No começo de 1948, o Haganah convocou os jovens para o serviço militar e em março declara mobilização geral para o lançamento do Plano Dalet propriamente dito, enquanto ocorrem alguns combates entre o ALA e as milícias judaicas.
Ainda em março, a Agência Judaica rejeita uma trégua aceita pela ALA, feita pelo presidente Truman.
Segue-se então, uma série de operações de limpeza étnica, inclusive fora de território alocado aos judeus pelo Partition Plan, antes da entrada de qualquer exército árabe na Palestina.
Nesse ínterim, diversos carregamentos com armas, munição e até mesmo aviões chegavam principalmente da Checoslováquia para reforçar as milícias judaicas.
Em maio de 48, já eram cerca de 400.000 os palestinos expulsos de suas casas, quando então, outros exércitos árabes entraram na Palestina.
Até o final da guerra, estes seriam 750.000, pelo menos 70% expulsos pelos judeus e cerca de 5% sob ordem dos árabes, mais de 400 vilas e 11 cidades palestinas foram riscadas do mapa (Tel Aviv repousa sob os escombros de 6 vilas palestinas destruídas em 1948).
Os exércitos árabes não estavam em superioridade, nem bélica, nem operacional, nem em número de combatentes, ao contrário do que diz o mito, de que a proporção era de 10 ou 20 combatentes árabes para um judeu.
Como citado, os judeus dispunham até mesmo de uma pequena força aérea.
Com a anexação de West Bank pela Jordânia e de Gaza pelo Egito, as pretensões palestinas por um estado próprio não arrefeceram, como vem sendo dito, mas continuaram na forma de movimentos guerrilheiros que, na época, ainda insistiam em lutar por todo o território, isto é, combater Israel, e não só aceitar os territórios ocupados por Jordânia e Egito.
A populaçao palestina em Gaza e West Bank não sofria na mão de Jordanianos e Egípcios, o que passou a sofrer nas mãos dos israelenses a partir de 1967; por isso não houve nenhuma “intifada” durante o período de 49-67.
A guerrilha palestina e os atentados terroristas, porém, continuaram sob a liderança de Arafat formalmente até 1988, quando finalmente foi aceita a existência do estado israelense pela OLP e, aí sim, a demanda por um estado palestino se dirigiu às áreas de Gaza e Cisjordânia.
FIM

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