quarta-feira, 26 de março de 2008

POR QUE OS EUA INVADIRAM O IRAQUE?

Terrorista Bush diz que invadiu, matou e roubou pela ‘civilização’

A cínica e idiota “defesa da civilização” feita por Bush é apologia da pilhagem, da pirataria, do assassinato, do terrorismo, da barbárie e do crime
A História do mundo teve alguns vândalos, alguns assassinos, alguns saqueadores e alguns ladrões.
Mas nenhum desses próceres passados do banditismo, que se saiba, andou defendendo que seus crimes eram em defesa da “civilização”.
Ou porque não fossem tão cínicos – ou porque não fossem tão idiotas.
O fato é que nem Hitler fez isso.
Bush é o primeiro.
Matou inocentes no Afeganistão e no Iraque, destruiu, invadiu – e somente para roubar, em ambos os casos, o petróleo.
O do Mar Cáspio, no primeiro caso, o do próprio Iraque, maior reserva do mundo, no segundoHouve também alguns antecessores seus, especialmente Nixon e Eisenhower – o primeiro, por falar nisso, foi vice-presidente do outro não por acaso – que mandaram matar, que aprovaram a rodo as “operações encobertas”, isto é, criminosas da CIA e quejandos, que aboletaram ditadores sanguinários como seus fantoches no país dos outros, e diziam estar defendendo o “mundo livre”, a “democracia”, e até a “civilização ocidental e cristã”.
Mas até esses nunca apresentaram os seus assassinatos, saques e vandalismo como obra e defesa da civilização.
Ao contrário, os crimes eles preferiam esconder – e atribuir os que não podiam ser escondidos aos fantoches.
Mesmo na Coréia e no Vietnã, estavam, diziam, apenas ajudando os coreanos e vietnamitas do sul, isto é, àquelas ditaduras fascistas que sustentavam no sul desses países.

QUADRILHA DE CÍNICOS
Nisso, Bush é o primeiro, talvez porque seja o primeiro idiota total a se aboletar na Casa Branca, depois de uma série de idiotas parciais.
Segundo, porque faz parte de uma quadrilha de cínicos.
Por essa razão, é no momento em que toda a civilização o repudia, que tudo o que é decente no mundo o escorraça, no qual em todos os países os crimes de seu bando causam o mais profundo asco, que ele fala que matar crianças, mulheres e idosos; bombardear civis; explodir embaixadas, missões da ONU e mesquitas milenares; pilhar as riquezas dos povos; torturar em Guantánamo, no Iraque e dentro dos próprios EUA; estabelecer por decreto tribunais secretos e penas de morte secretas; espionar até o que os americanos lêem; seqüestrar filhos de líderes que querem submeter e destruir; que isso, e outras vomitivas nojeiras, é “defesa da civilização”.
Tudo o que é civilizado clama contra o crime.
A civilização é exatamente a superação da barbárie.
Parece óbvio, e é.
Até hoje, com um ou outro ocasional e provisório retrocesso, este tem sido o caminho da Humanidade.
E vai continuar sendo.
Tanto é verdade, que depois de milhões de pessoas terem, pela primeira vez na História, saído às ruas, em todos os lugares, para manifestar sua repulsa pelos crimes contra o Iraque e seu bravo povo, a civilização, se impõe no Iraque contra a barbárie.
Pois a civilização é, em uma de suas mais candentes manifestações, a luta contra o invasor, a luta contra o agressor – isto é, o amor ao seu país, o compromisso com o povo de que fazemos parte, a disposição de arriscar a existência individual pela existência coletiva.
IMPÉRIO ISOLADO
Bush nenhum compromisso tem nem mesmo com seu próprio país.
Para ser exato, não tem compromisso nem mesmo com o conjunto da burguesia imperialista dos EUA.
De bem longe, escondido em algum covil qualquer nos EUA, coloca vidas de americanos em risco, expõe como alvo pessoas do povo e leva o próprio imperialismo americano ao isolamento e antagonismo mais agudo com todo o mundo e, especialmente, com o povo americano.
E leva-o ao abismo apenas em prol dos interesses profundamente anti-americanos de seu grupo de magnatas ladrões (nem de todos os magnatas ladrões, pois existem os que não são bestas).
Ou seja, do interesse dessa minúscula máfia de escalpelar os povos, inclusive o povo norte-americano.
Um reacionário convicto, mas que não era burro, Churchil, falou, num conhecido livro, em como certos monstros – no caso de que estava tratando, Hitler plantam a tempestade que, quando colhida, os irá varrê-los de vez da face da Terra.
A tentativa da quadrilha usurpadora que começou invadindo a Casa Branca, assim como depois invadiu o Iraque, de fazer a Humanidade retroceder à barbárie, é apenas a “reunião da tempestade” - do título do livro de Churchill - que desabará, inevitavelmente, sobre suas cabeças.
E o povo americano será o primeiro, quando isso acontecer – e já começou a acontecer, e a cada dia a tormenta se torna mais pesada - a reivindicá-las.
Mas não será, certamente, o único.
CARLOS LOPES
Fonte(s):
http://www.horadopovo.com.br/
12/09/2003

terça-feira, 25 de março de 2008

BAJULADORES ENTRE CALÚNIAS E APLAUSOS

Bajuladores caluniam Equador e aplaudem os crimes de Bush

Bobos da corte dizem que o vilão foi o invadido Equador, e Bush, que acaba de vetar proibição à tortura, foi quem zelou pela soberania do país
Enquanto o cordão dos puxa-sacos na mídia e na oposição parlamentar acusava o presidente do Equador de ferir a soberania... do Equador, e saudavam Uribe por zelar pela soberania equatoriana invadindo o país, Bush vetava a proibição à CIA de torturar, dentro e fora dos EUA (v. página 7).

Vejamos, por exemplo, o senador Agripino, nostálgico prócer da casa-grande.
Segundo ele, o problema do presidente Chávez é que “não respeita a autoridade do presidente da nação mais poderosa do mundo”.
Já um colega de Agripino, com mentalidade mais de feitor frustrado do que de escravagista retardatário, chamou o presidente do Equador de “covarde”.
Não há limites para desrespeitar o presidente do Equador, mas Chávez tem que “respeitar” Bush, que, como todo mundo sabe, é um sujeito muito corajoso.
Correa defendeu seu pequeno país contra uma agressão.
Portanto, é um “covarde” porque não tem a fenomenal coragem de ficar rastejando, de ficar ideologicamente em posições indecentes debaixo das escadas e nas cafuas - tal como o autor do insulto.

AUTORIDADE

Como é óbvio, autoridade é, precisamente, o que Bush não tem.
Até o “The New York Times”, que, apesar de alguns eventuais editoriais, tem colaborado com essa página sinistra da história dos EUA, não conseguiu engolir o pretexto do veto à proibição da tortura – a “luta contra o terrorismo”, a “segurança nacional dos EUA”, etc. & tal.

Resumindo: as milhares de ogivas nucleares,
os 1.426.713 homens e
mulheres na ativa das forças armadas (e mais 1.458.500 na reserva),
as bases militares em 39 países,
os milhares de tanques,
mais os mísseis,
submarinos,
aviões,
etc.,
etc.,e
etc., são incapazes de manter os EUA seguros.
Só a tortura, essa instituição moderníssima, há mais de 200 anos declarada ilegal e contrária ao ser humano pela Revolução Francesa, é capaz de tornar seguros os EUA.
Logo, segundo Bush, o ideal americano é a Idade Média – e a pior parte da Idade Média, a mais obscura, a mais estúpida.

No seu estilo farisaico, o jornal novaiorquino diz que o motivo verdadeiro do veto é “afirmar o legado” de Bush – ou seja, o seu poder às custas do Congresso, do Judiciário e dos cidadãos.

Em português (e, aliás, em inglês) o nome disso é ditadura.
Em suma, o objetivo da tortura – e de assumir publicamente essa aberração – é intimidar os cidadãos.
Nada tem a ver com qualquer combate ao “terrorismo”.
Pelo contrário, ela é o terrorismo – ou, se quisermos ser mais precisos, a tortura é o instrumento terrorista de um Estado terrorista, o que também tem um nome: fascismo.

Porém, nem os nazistas faziam propaganda de que torturavam.
Ao contrário, negavam e escondiam que a Gestapo torturava suas vítimas.
Naturalmente, eles tinham mais senso de realidade do que Bush et caterva.
Da mesma forma, o exército norte-americano e até o FBI, segundo os quais o interrogatório sob tortura é “desnecessário e contraproducente” (cf. “Veto of Bill on C.I.A. Tactics Affirms Bush’s Legacy”, TNYT, 09/03/2008).
Mas, sob os “atos patrióticos”, cujo nome é tão falso quanto seu autor, milhares de norte-americanos de várias origens étnicas têm sido presos e submetidos à tortura.
Até agora não se tem notícia de que a tortura tenha revelado um único culpado de alguma coisa – nem de que esses interrogatórios tenham levado a nada, exceto ao sofrimento de quem foi submetido a eles.
E, como lembrou o exército, a tortura praticada pela CIA coloca em risco os norte-americanos que porventura caiam prisioneiros em outros países.

Que os EUA, hoje, são uma ditadura aberta, um Estado policial que dispensa cada vez mais os disfarces “democráticos”, não é uma constatação apenas nossa.
Até notórios direitistas norte-americanos, admiradores de Reagan e de Theodore Roosevelt (que estavam longe de ser grandes - ou pequenos - democratas), denunciaram a ditadura sob Bush.
Se precisássemos de alguma outra prova, o próprio Bush, com sua inteligência habitual, acabou por confessá-lo, em seu veto, ao dizer que “nós não temos nenhuma responsabilidade mais alta do que a de parar os ataques terroristas”.
Que ataques terroristas?
Há sete anos não há ataque algum em território americano.
Por que Bush, então, diz que não tem nenhuma responsabilidade “mais alta”, ou seja, nem com os seres humanos, nem com a democracia, nem com as leis, nem com as demais instituições?
Certamente que isso nada tem a ver com quaisquer ataques.
Mas, diz Bush, a tortura não pode ser proibida porque “não é hora para o Congresso abandonar práticas que mantiveram a América segura”.
Ou seja, não somente é ele quem decide o que o Congresso deve ou não “abandonar”, como diz explicitamente que a tortura - a expressão mais totalitária e desumana de uma ditadura - é que mantém o país seguro.

Voltemos agora aos puxa-sacos locais de Bush.
Sua bajulação revela propensões não propriamente a ditador, mas a bobo da corte de alguma ditadura.

O Equador foi agredido por tropas colombianas sob comando americano.
O objetivo não era “combater terroristas”, nem a ação começou ou foi extensão de qualquer outra iniciada em território colombiano.
Foi uma ação de assassinato frio, típica das chamadas “forças especiais” dos EUA, em que as vítimas encontravam-se dormindo.

Porém, segundo a pornográfica revista “Veja”, quem invadiu o Equador foram os guerrilheiros das FARC.
Uribe, as tropas colombianas, e os americanos, invadiram o Equador para restaurar a soberania equatoriana.
Portanto, invadiram o país e assassinaram em território equatoriano por puro amor ao Equador e à sua integridade territorial.
Queriam salvar o Equador dos equatorianos, assim como Bush está tentando salvar o Iraque dos iraquianos...

MORAL

Resta saber em que as FARC estavam ferindo a soberania do Equador, pois o ato de se abrigar em outro país não fere soberania alguma.
Se fosse assim, De Gaulle teria ferido a soberania da Inglaterra quando lá se refugiou para lutar contra a ocupação nazista da França.
É verdade que a Inglaterra estava em guerra com a Alemanha, mas, pela lógica da “Veja”, isto somente tornaria mais urgente que Hitler invadisse o país para defender a soberania inglesa e acabar com aquele terrorista francês.
Devemos convir que os nazistas eram menos cínicos do que essa malta.
Talvez porque fossem imperialistas e não meros puxa-sacos do lumpen-imperialismo - pois Bush é um marginal, um arrivista até em relação ao próprio imperialismo americano: um dos senadores que criticaram energicamente o veto de Bush chama-se John D. Rockefeller IV, nome que dispensa maiores apresentações.
É preciso, portanto, ser um lacaio muito reles para deitar loas em louvor de Bush, ou para atacar os que defendem seus países contra esse bandoleiro – atitudes equivalentes.
Porém, considerando o estado avançado de decomposição desse cadáver político e moral, é preciso, antes de tudo, ser muito burro.
CARLOS LOPES
http://www.horadopovo.com.br/

DENÚNCIA DE CRIMES INFAMES DE GEORGE BUSH NO IRAQUE


















Escritora iraquiana denuncia “crimes infames” de George Bush no Iraque

Seguem os principais trechos de informe da escritora iraquiana Eman Hamas, publicado por ocasião do 5º ano da invasão do seu país.


Autora do livro “Crônicas do Iraque”, Eman foi diretora do Centro do Observatório da Ocupação, em Bagdá, que desde poucos meses depois da invasão anglo-estadunidense se dedicou a documentar os efeitos da ocupação e a recolher testemunhos que sustentam seus informes.
O crime dos Estados Unidos de invadir e ocupar o Iraque desde 2003, ainda em curso, tem sido uma agressão política e militar das mais infames da história moderna, que passou por cima tanto de todos os códigos morais da humanidade como do direito internacional.

Apesar de que o governo estadunidense era completamente consciente de que eram falsos todos os pretextos para invadir o Iraque (armas de destruição em massa ou vinculação com o terrorismo), e apesar de que a comunidade internacional se opunha a esta agressão, Bush ignorou tudo isso.

Os EUA invadiram uma das civilizações mais antigas do mundo, o Iraque, com 6.000 anos de história, o berço das civilizações, lugar onde se escreveu a primeira carta, onde se estabeleceu a primeira lei, onde se construiu a primeira universidade, onde se utilizou a primeira moeda, onde se criou o primeiro sistema de irrigação, onde se escreveu o primeiro poema…

O Iraque foi submetido a uma destruição sistemática.
Desmantelaram o Estado, aboliram as instituições, destruíram os sistemas educativo, sanitário, econômico, de segurança e de infra-estrutura; inclusive destruíram completamente o tecido social e cultural.

Até o momento morreu um milhão trezentos mil civis iraquianos, mais de cinco milhões se refugiaram fora do Iraque ou tiveram que sair de seus lares (deles, um milhão e meio são crianças), centenas de milhares (incluindo 10.000 mulheres) estão prisioneiros e expostos aos piores tipos de tortura e de humilhação, e carecem de qualquer procedimento legal.

70% dos iraquianos não tem acesso a um fornecimento de água saudável.
O fornecimento de eletricidade está abaixo dos níveis prévios à invasão.
43% da população vive com menos de meio dólar ao dia.
O nível de vida no Iraque piora diariamente a pesar dos contratos de mais de 20 bilhões de dólares pagos a empresas para reconstruir o país, engolidos por elas e pela corrupção desse governo imposto.
O Iraque é agora o terceiro país mais corrupto do mundo.
Até segundo os dados desse governo, o número de desempregados está entre 60 e 70%.
A desnutrição infantil aumentou do 19% que já existia, provocado pelo chamado “período de sanções econômicas” antes da invasão, para o 28% atual.

Segundo as Nações Unidas, 8 milhões de iraquianos necessitam ajuda de emergência.

A velha estratégia colonial de dividir e governar é totalmente responsável pelas divisões sectárias e quanto mais tempo permaneçam os exércitos de ocupação, maior é a possibilidade de uma guerra civil e de que o país se divida.
A ocupação criou os diferentes corpos oficiais de segurança a partir das milícias sectárias e, portanto, lhes deu autoridade ou para matar ou para apoiar e ajudar aos que matavam, seqüestravam, expulsavam devido a critérios de seitas.
Por outro lado, além dos 170.000 soldados pertencentes ao exército estadunidense, no Iraque há 180.000 mercenários que em nome do conflito sectário estão cometendo todo tipo de assassinatos e atentados em zonas civis.

A única forma de deter esses crimes, de responsabilizar por eles aos verdadeiros culpados, os Estados Unidos, e de começar a verdadeira reconstrução do Iraque é apoiar o povo iraquiano em sua resistência à ocupação, mobilizar a comunidade internacional contra a invasão e para acabar com esse genocídio.

domingo, 23 de março de 2008

O IRAQUE FOI ASSASSINADO

Noam Chomsky e a guerra omitida nos EUA

Há uma voz que falta no debate sobre a guerra: a dos iraquianos.
Ou melhor: ela não é digna de ser mencionada. E parece que ninguém se importa. Isso tem sentido na habitual presunção tácita de quase todos os discursos sobre política internacional: somos donos do mundo, o que importa, então, o que outros pensem?
Por Noam Chomsky, para a Agência Carta Maior
Não faz muito tempo, ainda se dava por descontado que a guerra do Iraque seria o tema central na campanha presidencial, como já foi nas eleições da metade do mandato, em 2006.
Mas praticamente desapareceu, o que tem provocado uma certa perplexidade.
Não deveria ser assim.
O "The Wall Street Journal" esteve perto de acertar em um artigo de primeira página sobre a Super Terça-feira, aquele dia de múltiplas primárias:
"Os temas passam ao segundo plano na campanha de 2008 na medida em que os eleitores vão se focando na personalidade".
Para colocar a coisa de maneira mais específica, os temas deixam de estar em primeiro plano, enquanto os candidatos e suas agências de relações públicas se concentram na personalidade.
Como de costume, os temas podem ser perigosos.
A teoria democrata progressista sustenta que a população ("marginais ignorantes e intrometidos") deveria ser "espectadora" e não "partícipe" da ação, como escreveu Walter Lippmann.
Os partícipes estão conscientes de que ambos os partidos políticos estão bem à direita da população e de que a opinião pública é consistente através do tempo, assunto analisado no útil estudo "A falta de conexão da política exterior", de Benjamin Page e Marshall Bouton.
É importante, então, que a atenção seja desviada para outro lado.
O trabalho concreto do mundo é do domínio de uma liderança iluminada.
E isso revela-se mais na prática do que nas palavras.
O Presidente Wilson, por exemplo, afirmou que se devia empoderar uma elite de cavalheiros de "altos ideais" para preservar a "estabilidade e a correção", essencialmente na perspectiva dos Pais Fundadores (dos Estados Unidos).
Em anos mais recentes, esses cavalheiros transmutaram-se na "elite tecnocrática", "intelectuais de ação", os neocons "straussianos" de Bush II e outras configurações.
Para esta vanguarda, as razoes de que o Iraque seja retirado da tela do radar não deveriam ser obscuras.
Foram convincentemente explicadas pelo distinguido historiador Arthur M. Schlesinger, articulando a posição dos "pombas" há 40 anos, quando a invasão do Vietnã pelos Estados Unidos estava em seu quarto ano e Washington se preparava para somar outros 100 mil efetivos militares aos 175 mil que já estavam deixando o Vietnã do Sul em cacos.
Na época, a invasão implicava em árduos custos, razão pela qual Schlesinger e outros liberais da linha de Kennedy resistiam-se a passar de falcões a pombas.
Em 1966, Schlesinger escreveu que "todos oramos" porque os falcões tenham razão ao pensar que o aumento militar do momento poderá "eliminar a resistência" e, se fizer isso, "todos poderíamos estar saudando a sabedoria e a capacidade estadista do Governo" ao obter a vitória, deixando ao mesmo tempo o "trágico país destruído e devastado pelos bombardeios, arrasado pelo napalm, transformado em uma terra baldia pela defoliação química, uma terra em ruínas", com seu "tecido político e institucional" pulverizado.
Mas a escalada provavelmente não terá êxito e vai acabar sendo cara demais para nós; ou seja, que talvez seria necessário repensar a estratégia.
Na medida em que os custos começaram a subir severamente, logo ocorreu que todos tinham sido "ferrenhos opositores à guerra".

O raciocínio da elite e as atitudes que o acompanham apresentam hoje poucas mudanças.
E apesar de que as críticas à guerra do Iraque são muito maiores e estão mais estendidas que no caso do Vietnã em qualquer etapa comparável, os princípios que Schlesinger articulou continuam vigentes.
E ele mesmo adotou uma posição muito diferente perante a invasão do Iraque. Quando as bombas começaram a cair sobre Bagdá escreveu que as políticas de Bush são "alarmantemente similares à política que o Japão imperial aplicou em Pearl Harbor, em uma data que, como disse um Presidente americano anterior, vai perdurar na infâmia."
Franklin D. Roosevelt tinha razão, mas hoje somos nós que vivemos na infâmia".
Que o Iraque é "uma terra em ruínas" não é questionável.
Recentemente a agência britânica Oxford Research Business atualizou sua estimativa de mortes adicionais causadas pela guerra em 1,03 milhões, excluindo Karbala e Anbar, duas das piores regiões.
Seja correta essa estimativa, ou exagerada, segundo alguns, não há dúvida de que o balanço é horrendo.
Vários milhões de pessoas estão deslocadas internamente.
Graças à generosidade da Jordânia e da Síria, os milhões de refugiados que fogem do colapso do Iraque, incluindo a maioria profissional, não foram, simplesmente, exterminados.
Mas essa acolhida fica enfraquecida porque a Jordânia e a Síria não recebem nenhum apoio significativo de parte dos autores dos crimes em Washington e Londres;
a idéia de que eles possam admitir essas vítimas, para além de casos pontuais, é estapafúrdia demais para ser considerada.
A guerra sectária devastou o Iraque.
Bagdá e outras áreas foram submetidas a uma limpeza étnica brutal e deixadas em mãos de senhores da guerra e de milícias, a primeira cartada da atual estratégia de contra-insurgência desenvolvida pelo general Petraeus.

Um dos mais informados jornalistas que se aprofundaram na chocante tragédia, Nir Rosen, publicou recentemente um epitáfio, "A morte do Iraque", em "Current History".
Escreve Rosen: "O Iraque foi assassinado, para nunca mais se levantar. A ocupação americana tem sido mais desastrosa que a dos mongóis, que saquearam Bagdá no século 13", percepção comum dos iraquianos.
"Somente os tolos falam agora em 'soluções'.
Não há solução.
A única esperança é que, talvez, o dano possa ser limitado".
Independiente da catástrofe, o Iraque continua sendo um tema marginal na campanha presidencial.
Isso é natural, dado o espectro falcão-pomba da opinião elitista.
As pombas liberais aderem ao seu raciocínio e atitudes tradicionais, rezando para que os falcões estejam com a razão, que os EUA obtenham uma vitória e imponham "estabilidade", palavra código para subordinação à vontade de Washington.
Os falcões são alentados e as pombas silenciadas com relatórios entusiastas sobre menores baixas após o aumento de tropas.
Em dezembro, o Pentágono difundiu "boas notícias" sobre o Iraque: um estudo mostrava que os iraquianos têm "opiniões divididas", com o que a reconciliação deveria ser possível.
As opiniões eram duas.
Primeiro, que a invasão dos EUA é a causa da violência sectária que deixou o Iraque aos pedaços.
Segundo, que os invasores deveriam se retirar.
Umas poucas semanas depois do relatório do Pentágono, o especialista militar no Iraque do The New York Times, Michael R. Gordon, escreveu uma análise arrazoada sobre as opções referentes ao Iraque que enfrentam os candidatos presidenciais.
Há uma voz que falta no debate: a dos iraquianos.
Ou melhor: ela não é digna de ser mencionada.

E parece que ninguém se importa.
Isso tem sentido na habitual presunção tácita de quase todos os discursos sobre política internacional: somos donos do mundo, o que importa, então, o que outros pensem?
São "não-pessoas", pegando de empréstimo o termo usado pelo historiador britânico Mark Curtis em seu trabalho sobre os crimes imperiais do Reino Unido.
Por rotina, os americanos unem-se aos iraquianos em ser não-pessoas.
Suas preferências também não oferecem opções.
O original encontra-se em IAR Notícias/The New York Times SyndicateLink: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=34159

sexta-feira, 21 de março de 2008

MENSAGEM AO IRAQUE


"No passado, como todos vocês sabem, tomei parte no campo de batalha da jihad.

Deus, louvado seja Ele, desejou que eu enfrentasse isso da mesma maneira e com o mesmo espírito no qual estávamos antes da revolução, mas com um problema que é maior e mais severo.

Oh, meus amados, essa situação dura que nós e nosso grande Iraque estamos enfrentando é uma nova lição e uma nova provação que julgará o povo, a cada um de acordo com suas intenções, de forma que ela se torne um sinal diante de Deus e do povo no presente e depois que nossa situação atual se transforme em história gloriosa.

É, acima de tudo, a fundação sob a qual o sucesso das fases futuras da história poderá ser construído.

Nesta situação, e em nenhuma outra, os verdadeiros são os honestos e fiéis, e os opostos a eles são os falsos.

Quando a gente insignificante usa o poder dado a ele pelos estrangeiros para oprimir seu próprio povo, ela só consegue ser sem valor e simplória.
No nosso país, só o bem poderá resultar daquilo que estamos experimentando.

À grande nação, ao povo do nosso país, e à humanidade: muitos de vocês sabem que o autor desta carta é fiel, honesto, preocupado com os outros, sábio, de julgamento sólido, decidido, cuidadoso com a riqueza do povo e do estado... e que seu coração é grande o suficiente para abraçar a todos sem discriminação.

Seu coração sofre pelos pobres e ele não descansa enquanto não ajuda a melhorar a condição deles e cuida de suas necessidades.

Seu coração contém todo o seu povo e toda a sua nação, e ele anseia por ser honesto e fiel, sem fazer diferença entre seu povo, a não ser no que diz respeito a seus esforços, eficiência e patriotismo.

Fala hoje em nome de vocês e dos seus olhos, e dos olhos de nossa ação e os olhos dos justos, o povo da verdade, onde quer que a bandeira deles seja hasteada.

Vocês conhecem bem seu irmão e líder, e ele nunca se curvou aos déspotas e, de acordo com os desejos dos que o amaram, permaneceu uma espada e uma bandeira.

É assim que vocês querem que seu irmão, filho ou líder seja... e os que liderarem vocês no futuro deverão ter as mesmas qualidades.

Ofereço aqui minha alma a Deus como sacrifício, e se quiser Ele a mandará para o céu com os mártires, ou então adiará isso... então sejamos pacientes e confiemos nele contra as nações injustas.

Apesar de todas as dificuldades e tempestades que nós e o Iraque tivemos de enfrentar, antes e depois da revolução, Deus Todo-Poderoso não quis a morte para Saddam Hussein.

Mas, se Ele a quiser desta vez, a vida de Saddam é criação Dele.

Ele a criou e protegeu até agora.

Assim, por esse martírio, Ele trará glória para uma alma fiel, pois almas mais jovens que Saddam Hussein partiram nesse caminho antes dele.

Se Ele quer martirizá-la, nós agradecemos e damos graças a Ele, antes e depois.

Os inimigos de nosso país, os invasores e os persas, descobriram que nossa unidade é uma barreira entre eles e a nossa escravização.

Eles semearam sua discórdia antiga e nova entre nós.

Os estrangeiros que carregam a cidadania iraquiana, cujos corações estão vazios ou cheios do ódio plantado neles pelo Irã, corresponderam a isso, mas como estavam errados quando pensaram que conseguiriam dividir os nobres de nosso povo, enfraquecer sua determinação e encher os corações dos filhos da nação com ódio uns contra os outros, em lugar do ódio contra seus verdadeiros inimigos, que os levaria numa só direção, a lutar sob a bandeira de 'Deus é grande': a grande bandeira do povo e da nação.

Lembrem-se de que Deus permitiu que vocês se tornassem um exemplo de amor, perdão e coexistência fraterna...

Eu os conclamo a não odiar, porque o ódio não deixa espaço para a justiça e nos torna cegos, fecha todas as portas do entendimento e nos impede de pensar de forma equilibrada e fazer a escolha certa...

Também os conclamo a não odiar os povos dos outros países que nos atacaram, e a diferenciar entre os que tomam as decisões e esses povos...

Todos os que se arrependerem -seja no Iraque ou no exterior- devem ser perdoados...

Vocês devem saber que, entre os agressores, há pessoas que apóiam a luta de vocês contra os invasores, e alguns deles foram voluntários para a defesa legal dos prisioneiros, incluindo Saddam Hussein...

Algumas dessas pessoas choraram muito quando me disseram adeus...

Querido e fiel povo, digo adeus a vocês, mas estarei com o Deus misericordioso que ajuda os que se refugiam nele e que nunca desapontará nenhum crente fiel e honesto...

Deus é grande...

Deus é grande...

Longa vida à nossa nação...

Longa vida ao nosso povo grande e lutador...

Longa vida ao Iraque, longa vida ao Iraque...

Longa vida à Palestina...

Longa vida à jihad e aos mujahideen.
Saddam Hussein
Presidente e comandante-em-chefe das Forças Armadas Mujadi Iraquianas


[Nota adicional]"Escrevi esta carta porque os advogados me disseram que a chamada corte criminal -estabelecida e batizada pelos invasores- permitirá que os chamados réus tenham a chance de uma última palavra.
Mas essa corte e seu juiz não nos deram a chance de dizer uma palavra, e deram seu veredicto sem explicação, e leram a sentença ?
ditada pelos invasores ?
sem apresentar provas.

Eu queria que o povo soubesse disso."

terça-feira, 18 de março de 2008

PALESTINA, NAÇÃO OPRIMIDA


Sou daquela parte

da Palestina

chamada Líbano.

Dessa aldeia palestina

chamada nação oprimida.

Dessa Palestina,

um rio enorme,

nação árabe.

O meu Jesus também era um árabe

que carregoua cruz da humilhação,

a cruz da liberação,

a cruz da resistência

contra

o império romano

e contra o

sectarismo sionista.

O meu Jesus também era

palestino

tal como eu

e outros

200 milhões de árabes…

Jesus cresceu nas

margens do rio Nilo

e

Abraão cresceu nas
margens do rio Tigre

e encontraram-se
na nossa Palestina.

Maomé cresceu nas colinas

de Meca e acabou a entregar

a mensagem divina,

também aqui,

na nossa Palestina.

E mesmo assim

ainda se atrevem a perguntar-me

de que parte sou…?

Eu respondo,

sou libanês,

nasci nas montanhas sírias,

no mar dos árabes,

debaixo do sol de Deus,

que nos dava luz,

calor

e nos mostrava o Caminho.

De que parte, ainda perguntam?

Do norte do norte da Palestina,

onde o rio Jordão nasce

e

também onde o rio Eufrates

vê a luz!

Onde nasceu a

Princesa Europa.

Ao sul de Anatólia,

ao Oeste da Pérsia,

ao Norte de Aden.

Onde Maomé e Jesus se encontraram

e

onde Moisés

não pode entrar…

A Palestina é dos árabes!


Raja Chemayel
um árabe, libanês, cristão

segunda-feira, 17 de março de 2008

O TERROR DA EXPANSÃO TERRITORIAL ISRAELENSE


Culpando as vítimas na
Palestina


Segundo a mídia, os civis que morrem são os culpados



Mais uma vez, enquanto Israel continua a aterrorizar a população
palestina com seus ataques indiscriminados a Gaza, a mídia
ocidental direciona a culpa às próprias vítimas.

Novamente, o
“grande vilão” é o partido político palestino eleito democraticamente,
o Hamas.

Mas seriam eles os culpados pela praga que consome a
Palestina há 60 anos?


Culpando as vítimas na Palestina
Mais uma vez, enquanto Israel continua a aterrorizar a população
palestina com seus ataques indiscriminados a Gaza, a mídia
ocidental direciona a culpa às próprias vítimas.

Novamente, o
“grande vilão” é o partido político palestino eleito democraticamente,
o Hamas.

E ironicamente, o que é ignorado pela mídia é o fato de
que o Hamas é o que menos pode ser culpado pela praga que
consome a Palestina há 60 anos.
O Hamas foi isolado pela comunidade internacional, liderada pelos
Estados Unidos, entre outros fatores, por se recusar a abandonar a
resistência armada contra a expansão territorial israelense.

Com o
atual papel de fantoche da aliança Estados Unidos-Israel ocupado
por Mahmoud Abbas, líder da Autoridade Palestina, ficou evidente
que o Hamas não errou em abandonar a resistência – enquanto
Abbas cumprimenta sorridente os líderes israelenses, “o lar nacional
judaico”
continua a engolir terras privadas palestinas na Cisjordânia.
A situação atual deixa claro que qualquer negociação de paz com
Israel não determinará a devolução das terras ocupadas
ilegalmente
, muito menos o retorno dos refugiados palestinos
expulsos pelo “lar nacional judaico”, dois fatores que o Hamas se
recusa a negociar.
E por que o Hamas “recusa a reconhecer a existência de Israel”,
como a mídia ocidental e os apologistas do estado judaico gostam
de colocar?

Trata-se de um simples jogo de palavras.

O que a mídia
não conta é que o “Estado de Israel” criado pela ONU e que a
comunidade internacional quer que o Hamas aceite não é
reconhecido nem mesmo por Israel
– o estado judaico tem planos
de expandir muito além do proposto pela ONU, e isso é confirmado
a cada dia.

Fato é que o “Estado de Israel” que Israel reconhece
hoje – que inclui todos seus territórios ilegais anexados por guerras
e colonização – não é reconhecido pela comunidade internacional.
Portanto, o Hamas não reconhece a resolução da ONU que fundou
o “lar nacional judaico” – e se brevemente analisado, nem mesmo
Israel a respeita.
O Hamas também é
constantemente acusado de ser
uma “organização extremista”
(seja lá o que isso significa).
Mas não é irônico que os
mesmos que os acusam,
colocando em pauta somente
as raízes religiosas do partido e ignorando a política, continuam a
argumentar sobre o direito de existência de Israel segundo as
terminologias bíblicas?

Por que deveria o Hamas (ou qualquer um)
aceitar a visão religiosa radical de que a “terra prometida por Deus”
seria de uns poucos?

Por que favorecer uma religião à outra?

Se o
Hamas um dia foi forçado a adotar visões radicais, certamente
partiu de um exemplo próximo – a existência de Israel.
São esses e muitos fatores vagos que a comunidade internacional
se apega cegamente, e a mídia ocidental dissemina
irresponsavelmente.

O uso subjetivo da palavra “terrorismo”, é claro,
acompanha todo e qualquer argumento, mas não é irônico que se
omite o fato de que os pais fundadores de Israel representam um
livro aberto de tudo o que é hoje definido como “terrorismo”?

Além
disso, as políticas diárias israelenses são um clássico exemplo de
terrorismo de Estado – a punição coletiva dos civis palestinos.

Seria
possível que, ao olhar ao seu redor, o Hamas entendeu que o uso
da arrogância, extremismo, violência e terrorismo podem fundar
uma nação legítima?

Israel responde a todas essas questões.



A DESINFORMAÇÃO DA MÍDIA OCIDENTAL

As lentes da mídia
ocidental
Os valores cultivados pela desinformação da mídia

A mídia ocidental colaborou diretamente na criação do mito de que
qualquer coisa árabe ou islâmica é anti-Ocidente, principalmente
com relação aos Estados Unidos e seus aliados.
Mas qual é a base
dessa campanha de desinformação?

As lentes da mídia ocidental
A mídia ocidental colaborou diretamente na criação do mito,
baseado em falsas presunções, de que qualquer coisa árabe ou
islâmica é anti-Ocidente, principalmente com relação aos Estados
Unidos e seus mais próximos aliados na “guerra contra o
terrorismo”
.
Existem, porém, dois fatores que não podem ser
ignorados com relação à maneira que a mídia ocidental constrói tais
valores: a proliferação de uma visão parcial e ignorante quantos aos
árabes e muçulmanos, unido a uma campanha de desinformação
quanto à política externa de certas nações.
É fato que a mídia tem o poder de criar estereótipos e influenciar o
juízo público e suas opiniões.
Isso acontece em qualquer caso em
que exista uma mídia corporativa, seja no chamado “Ocidente” ou
não – com exceção de países como os Estados Unidos, que
exaltam o valor da “liberdade individual”, e representam um caso à
parte.
A mais recente pesquisa publicada pela conceituada revista
The Economist, intitulada “Communications Outlook” (algo como
“Panorama da Comunicação”), analisou a audiência média diária de
televisão em 18 países.
Obviamente, os Estados Unidos lideraram a
tabela, com média diária de 8 horas e 11 minutos por pessoa – um
choque, ao se considerar que o segundo colocado, a Turquia,
atingiu pouco menos de 5 horas diárias.
O Brasil, por exemplo,
mesmo com a forte cultura das telenovelas, ficou pouco acima das 2
horas diárias por pessoa.
Com esses dados, e reconhecendo o
poder natural da mídia, fica claro que a massiva campanha de
desinformação da mídia estadunidense representa um perigo
global.
Dessa forma, ao insistir em uma visão dos árabes e muçulmanos
como violentos e anti-estadunidenses, a mídia ocidental conseguiu,
sem muita dificuldade, criar fortes estereótipos e, ao mesmo tempo,
ignorar as causas do ressentimento desses povos.
Um exemplo
habitual dessa campanha ocidental acontece com a guerra no
Iraque – ao cobrir os casos de violência como os carros-bomba, o
Islam é sempre apresentado para contextualizar o “fanatismo” e o
“barbarismo”.
São nesses casos que a mídia ocidental ignora
abertamente os seus direitos e deveres, e passa a alienar ao invés
de informar, de criar julgamentos ao invés de explicar.
Com o declínio do imperialismo no início do século XX, a atitude do
mundo muçulmano mudou.
As pessoas se voltaram para a religião
em uma forma de se opor às políticas do Ocidente que seus
governos haviam sido forçados a implementar por tanto tempo.
Logicamente, os governos que continuaram a apoiar tais políticas
favoráveis às potências colonizadoras foram vistos como aliados
dessas forças, responsáveis por colocar os interesses de poderes
externos sobre os de seus próprios povos – um reflexo do inimigo
dentro do próprio país.
Portanto, o ressentimento do mundo
muçulmano com o Ocidente nasceu de um histórico de imperialismo
em conjunto com políticas atuais claramente injustas e opressoras.
Mas a influência da mídia ocidental aponta somente para as
diferenças de cultura (como a religião), e ignora questões vitais,
como as previamente citadas, para explicar as causas da tensão e
agressividade contra o Ocidente no mundo muçulmano.
Agora
considere isso com uma nação que assiste, em média, 8 horas de
televisão diariamente – qual o resultado?

O público em geral segue a
tendência de simplificar idéias
complexas e tirar conclusões
simples e diretas.
O único dever
e responsabilidade da mídia de
massa, portanto, deveria ser de
divulgar matérias sob uma lente

balanceada e objetiva, através da qual os receptores poderiam
verdadeiramente se informar, para então criarem seus próprios
julgamentos.
No caso da mídia corporativa ocidental, é a norma que
as políticas ocidentais e suas conseqüências no Oriente Médio são
classificadas como legítimas iniciativas de exportar os valores da
“democracia” e “liberdade” – um julgamento claramente formado,
simplesmente imposto ao público.
Nesse caso, a única saída para
clarificar a realidade sobre os estereótipos criados pela mídia
ocidental deve partir dos principais afetados, os muçulmanos.
Certamente, isso não partirá daqueles que estão mais de 8 horas
por dia sentados na frente da televisão.

TROCA DE DÓLARES POR EUROS

Chávez e Hussein: passeio em Bagdá
BAGDÁ
Só Hugo Chávez visita o ditador
Reuters
Chávez e Hussein: passeio em Bagdá
Com seu mandato referendado pelas urnas, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, lançou-se numa ousada operação internacional: quer ressuscitar a Opep, o cartel dos produtores de petróleo, e impor preços mais salgados aos compradores.

Na semana passada, se pôs a percorrer as nações petrolíferas.
Sem ligar para a cara feia dos Estados Unidos, tornou-se o primeiro chefe de Estado a furar o boicote internacional e pisar em Bagdá.
Agradecido, o ditador Saddam Hussein o levou a passear de carro pela capital iraquiana.
(isso deu na Veja)
Há uns três anos que as peças começaram a se encaixar no tabuleiro desta guerra que se aproxima.
Trapalhadas diplomáticas, erros estratégicos, umas doses de sorte e outras de azar acabaram atropelando o dólar, moeda franca do mundo e sobre a qual repousa a economia, motivando os EUA à uma guerra arriscada.

Vale muito esta guerra.
Vale a sobrevivência daquilo mais caro à sustentação dos Estados Unidos: sua própria moeda.
Mais que mísseis ou gases, é o euro a maior arma do Iraque.
Nesta história, são três os personagens principais:
Hugo Chávez, militar de origem indígena, católico, eleito presidente venezuelano em 1999.
Saddam Hussein, muçulmano sunita, ditador sanguinário do Iraque desde 1979.
George W. Bush, cristão renascido pelos braços do pastor Billy Graham, eleito presidente dos EUA em 2000 porque a Suprema Corte decidiu que, mesmo considerando a necessidade de recontar os votos na Flórida, mais importante era respeitar os prazos eleitorais.

No dia 6 de novembro de 2000, véspera da eleição presidencial nos EUA, o Iraque mudou a moeda com a qual operava suas vendas de petróleo: saiu o dólar, entrou o euro.
O país sofria pesadas sanções impostas pela ONU desde 1991, quando saiu derrotado de uma guerra que Saddam tinha atiçado ao invadir o Kwait.
A economia do Iraque depende, vive, sobrevive da venda de petróleo.
Detém a segunda maior reserva mundial.
De acordo com a sanção, a venda do combustível bruto era permitida desde que o dinheiro fosse investido em causas sociais.
Mais especificamente, em comida.
Naquele novembro há pouco mais de dois anos, o Iraque tinha bloqueados sob o olho vigilante da ONU, numa conta em Nova York, 10 bilhões de dólares, ou 15% de seu PIB - 0,1% do PIB norte-americano.
A conversão das vendas futuras para o euro foi vista como uma pirraça sem sentido.
Se tinha o objetivo de seduzir os países europeus a comprar mais petróleo, conseguiu apenas em parte.
Do ponto de vista financeiro, era uma besteira: a moeda européia valia 82 centavos de dólar.
O preço da conversão foi alto e o Iraque perdeu dinheiro.
Para Saddam, pouco importava.
Em meados de 2001, vendeu os 10 bilhões de dólares de reservas e trocou-os também por euros.
Só que aí veio o 11 de setembro e uma de suas conseqüências foi o crescente fortalecimento da moeda européia.
A operação de troca de moeda terminou sendo imensamente lucrativa.
Dinheiro, muito dinheiro Petróleo: o maior negócio do mundo.
Todo dia são gastos dois bilhões de dólares com o combustível.
Nas previsões mais otimistas, há petróleo para mais um século.
Aí acaba.
Um quarto disto é consumido pelos Estados Unidos.
No país que consome mais energia do mundo, 40% correspondem a petróleo. Invernos frios e verões quentes, o hábito de adotar carros cada vez maiores por parte da classe média, todos são ingredientes numa conta que só faz aumentar o consumo - pequenos confortos que a população não pretende perder.
Lá, são 20 milhões de barris por dia ao preço, em janeiro, de 28 dólares a unidade.
Mas não é o petróleo que banca a festa, é o dólar.
A balança comercial dos EUA é deficitária - só agora em fevereiro, ficou negativa na brincadeira de US$ 31,5 bilhões.
A partir de 1995, o investimento do americano médio em imóveis, na casa própria, foi ultrapassado por aquilo que esse mesmo americano médio jogou na Bolsa de Valores.
Em última instância, é um investimento no dólar.


Só que acaba sendo um investimento seguro, apesar de o país ser deficitário, porque o dólar é a moeda corrente do mundo.


O Fed, Banco Central dos EUA, dita as regras que regem a economia global. Dólar tudo quanto país usa porque assim se dá o comércio internacional.


De todos esses negócios, o petróleo é o maior - e os EUA não controlam quem o vende.


No dia 12 de agosto de 2000, um garboso Saddam Hussein ofereceu ao presidente venezuelano Hugo Chávez um tour guiado pelas ruas de Bagdá. Exatos quatro meses antes de a Suprema Corte decidir pela eleição da dupla Bush e Dick Cheney. Chávez era o primeiro chefe-de-estado a visitar o Iraque desde o início das sanções da ONU e as imagens de Saddam ao volante com o militar venezuelano no banco do carona fizeram a festa das tevês. Para aqueles que assumiam o poder nos EUA, dois ex-executivos de multinacionais petroleiras e notoriamente conservadores, Chávez fazia uma figura preocupante. Simpatizante do castrismo de Cuba e atrevido demais na questão do petróleo. Em abril de 2002, um golpe contra a presidência venezuelana foi rechaçado em dois dias. Na melhor das hipóteses, os golpistas encontraram no governo norte-americano um aliado de primeira hora. A diplomacia dos EUA soube do golpe frustrado antes e nada fez para evitá-lo. Desconfia-se que a CIA esteve envolvida, como nos velhos tempos. Filiada à organização dos Países Exportadores de Petróleo, OPEP, a Venezuela responde por uma conta que variou, nos últimos anos, de 13% a 15% do petróleo importado pelos EUA - 1,6 milhões de barris por dia. O resultado da trapalhada diplomática que sucedeu à volta de Chávez ao poder foi uma crise sem precedentes que culminou na greve geral. Quando a companhia estatal de petróleo PDVSA parou, os EUA viram-se sem ter de quem comprar. Ou tinham: opção nada agradável, o Iraque. Bush havia cortado as importações do combustível iraquiano desde sua posse, pouco após Saddam ter feito a conversão de moeda. Mas, antes, havia opção. Num mercado de petróleo em alta e dólar em queda, os EUA voltaram-se nos últimos meses para o Iraque. Em dezembro, compraram 925.000 barris por dia; agora em janeiro, 1,15 bilhões. Pagaram em euros. Moeda franca Seria tudo um inconveniente financeiro para o país de George W. Bush e um profundo suor frio para o resto do mundo que, como o Brasil, depende da saúde do dólar, não estivesse o Iraque apontando uma tendência. No ano passado, o Irã queimou boa parte dos dólares que compunham as reservas de seu Banco Central. Em parte, foi uma resposta política à inclusão do país no Eixo do Mal de Bush. Foi também uma operação coerente do ponto de vista econômico. Trata-se do maior produtor de gás natural do mundo, além de exportador de petróleo. Lá, está sendo discutida seriamente a possibilidade de converter suas vendas, ao menos para a Europa, também para euros. Durante 2002, executivos da OPEP começaram a discutir seriamente a transferência de seus negócios para a moeda européia. Chávez fala disso a toda hora. Quando novos países aderirem à Zona do Euro, nos próximos cinco anos, o PIB da região somará quase dez trilhões de dólares, equivalente ao dos EUA. Quando a Inglaterra abandonar sua libra, algo que os analistas consideram questão de tempo, o Banco Central Europeu vai se sobrepor ao FED norte-americano em volume de riqueza numa única moeda. E, em todas estas transações, é o petróleo que se encontra no centro da mesa. Se os petrodólares forem substituídos por petroeuros, pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial a moeda franca internacional mudará. Será o caos, mas o planeta se acomoda. Quem perde, no fim, são os EUA. Quando Gerard Schroeder, da Alemanha, e Jaques Chirac, da França, opõem-se à guerra contra o Iraque, sua menor preocupação são seus eleitorados internos. Da mesma forma, Bush e Tony Blair, do Reino Unido, têm outras preocupações. É o controle econômico mundial que está em jogo. Plantar um governo leal aos EUA no Iraque e ampliar o controle sobre o Oriente Médio enfraquece, em última análise, a OPEP. Em defesa do dólar. É um jogo perigoso o que se inicia, um que periga ter conseqüências mundiais muito mais sérias do que as largadas pela justa guerra contra o Talibã afegão. King Jong II, ditador norte-coreano, já fez sua parte. As reservas de seu Banco Central estão em euros".


"As verdadeiras razões de Bush Said Barbosa Dib Professor de História Não são justas as análises simplificadoras e ingênuas da mídia que colocam o presidente George W. Bush como um monstro ou um energúmeno sanguinário. Mesmo que seu intelecto não seja dos mais geniais, ele não é, definitivamente, um camarada mau nem bobo. Pelo contrário, é um cidadão patriota que está tentando salvar os EUA da bancarrota, impedir a queda do Império sob seu comando. Digo isso porque, ao contrário do que se fala, o governo norte-americano está totalmente desesperado com a ruína iminente da sua economia. Segundo W. Clark, do jornal "Indy Time", o temor do Federal Reserve (Banco Central Norte Americano) é de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), nas suas transações internacionais, abandone o padrão dólar e adote definitivamente o euro. O Iraque fez esta mudança em novembro de 2000 - quando o euro valia cerca de US$0.80 ? e escapou ileso da depreciação do dólar frente à moeda européia (o dólar caiu 15% em relação ao euro em 2002). Esta informação, se analisada por aqueles que conhecem os problemas estruturais do sistema de Breton Woods e as atuais limitações energéticas dos norte-americanos, coloca em dúvida a hegemonia do dólar no mundo e explica a razão pela qual a administração Bush quer, desesperadamente, um regime servil na histórica Mesopotâmia. Se o presidente norte-americano tiver sucesso, o Iraque voltará ao padrão dólar, não correndo o risco de servir de modelo alternativo para outros países dependentes, como o Brasil. É por esta razão que o governo norte-americano, ao mesmo tempo, espera também vetar qualquer movimento mais vasto da Opep em direção ao euro. Por isso, essa informação é tratada quase como um segredo de Estado, pois governos dependentes como o nosso, que apostaram tudo no modelo neoliberal, iriam para o fundo do poço junto com seus chefes norte-americanos. Isso porque os países consumidores de petróleo teriam de despejar dólares das reservas dos seus bancos centrais - atualmente submetidos ao FMI - e substituí-los por euros.


O dólar entraria em crash com uma desvalorização da ordem dos 20% a 40% e as conseqüências, em termos de colapso de divisas e inflação maciça, podem ser imaginadas.


Pense-se em algo como a crise Argentina em escala planetária, por exemplo.


Na verdade, o que permeia toda essa discussão é a chamada "crise dos combustíveis fósseis".


O físico e pensador Batista Vidal lembra que "as reservas de petróleo estão extremamente concentradas em poucos pontos do planeta, pois o total descoberto no mundo está situado em vinte campos supergigantes".


Assim, na ótica do Primeiro Mundo, se os atuais países em desenvolvimento realmente se desenvolvessem, o Mundo teria ou que descobrir meia dúzia de campos supergigantes ou o petróleo acabaria em 10, 15 anos.


Por isso, o sistema de poder financeiro mundial, subjugado pelo padrão dólar, está completamente desacreditado, falido.


Os bancos estão caindo aos pedaços em todos os países ditos desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos e Japão.




Prevê-se um colapso a qualquer momento.




Agora, o que sustenta isso?




Devido à ocupação militar do Oriente Médio - ampliada a partir da crise do petróleo da década de 70 -, mesmo com o déficit público monstruoso dos EUA, o dólar inflacionado compra artificialmente o petróleo, base de toda a economia americana e ocidental.


Portanto, Saddam selou o seu destino quando, em fins de 2000, decidiu mudar para o euro.


A partir daquele momento, uma outra Guerra do Golfo tornava-se um imperativo para Bush Jr.


Ou seja, o que está em jogo não é nem o caráter texano caricato de Bush, nem uma questão de segurança nacional norte-americana, mas a continuidade da falácia do dólar.


E esta informação é censurada pela imprensa norte-americana e suas vassalas tupiniquins, bem como pela administração Bush, pois pode potencialmente reduzir a confiança dos investidores e dos consumidores, criar pressão política para a formação de uma nova política energética que gradualmente nos afaste do petróleo do Oriente Médio e da órbita anglo-americana e fazer com que projetos como o nosso Pró-Álcool mostrem sua força".