terça-feira, 4 de março de 2008

MATANÇA SELECIONADA DA RESISTÊNCIA


Israel e seus assassinatos
selecionados

No curso de sua história, Israel desenvolveu a especialidade de
conduzir missões de assassinatos selecionadoso envio de
terroristas para eliminar inimigos em outros países
.
A estratégia foi
utilizada pela última vez no dia 12 de fevereiro em Damasco, com o
assassinato de Imad Mughniyeh, um dos comandantes do
Hizbollah.
A tática terrorista deixa evidente a crença israelense de
que a melhor forma de lidar com os movimentos de resistência é
extinguir fisicamente os seus líderes.
Ao longo das últimas décadas,
diversos ativistas, intelectuais e cientistas foram eliminados dessa
maneira.
O primeiro-ministro israelense Ehud Olmert rapidamente negou
qualquer envolvimento do “lar nacional judaico” no atentado
terrorista que matou Imad Mughniyeh, comandante palestino e
muçulmano sunita do Hizbollah.
Mas os aplausos públicos de
ministros israelenses, o clima de festividade e os relatórios
vingativos da mídia israelense contam outra história.
“As contas
foram acertadas”
foi a manchete do YNetnews, o website oficial do
jornal israelense Yedioth Ahronoth.
A manchete comemorativa
sugere que o assassinato de Mughniyeh foi uma resposta à
humilhante derrota sofrida pelo “lar nacional judaico” na Guerra do
Líbano de 2006.
Mas será que Israel saiu mesmo vitorioso?
A história é testemunha
de que assassinatos como esse provocam novas matanças – como
Hassan Nasrallah, Secretário-Geral do Hizbollah, rapidamente
alertou.
Em um discurso para dezenas de milhares de libaneses no
funeral de Mughniyeh, Nasrallah falou diretamente a Israel:
“Vocês
mataram Imad fora dos campos de batalha.
A nossa luta é dentro
do território libanês.
Vocês cruzaram os limites.
Sionistas, se vocês
querem uma guerra aberta, que seja então uma guerra aberta em
qualquer lugar”
.
É certo que o Hizbollah buscará a retaliação em
novos alvos judaicos.
Cabe então entender o que levou Israel a
pensar que a eliminação de Mughniyeh foi mesmo uma boa idéia.
As explicações são muitas.
Uma delas é que os
assassinatos selecionados é de
fato o que Israel sabe fazer de
melhor.
Outra é uma prova de
força do estado judaico, não só
para o Hizbollah, mas também
para o Irã e a Síria– uma amostra de que os braços sionistas podem
penetrar profundamente em território inimigo.
Ao mesmo tempo,
Israel lembrou o seu aliado incondicional, os Estados Unidos, que
apesar da humilhante derrota militar em 2006, o “lar nacional
judaico”
ainda pode ser considerado uma entidade estratégica
valiosa na “guerra contra o terrorismo”.
O atentado terrorista na
capital síria pode ser visto também como um simples “acerto de
contas”
contra um dos autores dos contra-ataques à embaixada dos
Estados Unidos em Beirute, realizados durante a Guerra Civil do
Líbano, no qual todos os agentes da inteligência estadunidense no
Oriente Médio foram mortos, forçando a retirada das forças
estrangeiras do país.
É importante lembrar que o estado judaico recusa-se a entrar em
sérias discussões de paz com a Síria ou com os próprios palestinos
– ou mesmo a se comprometer a um completo cessar-fogo, como
fora proposto pelo Hamas – em função de que em qualquer
negociação teria que lidar com concisões territoriais – algo que vai
diretamente contra os planos expansionistas sionistas.
Para evitar a
perda de territórios, a estratégia de Israel tem sido radicalizar
perante o ambiente árabe que o cerca.
Os palestinos “moderados”
como a mídia ocidental os classifica – como Mahmoud Abbas
servem apenas aos interesses israelenses
, uma questão de ganhar
tempo sem negociar, enquanto a expansão continua.
O “lar nacional
judaico” parece preferir estar cercado de comprometidos

movimentos de resistência, como o Hamas e o Hizbollah – que
nasceram como conseqüência direta da política militar israelense –
pois, como seus líderes gostam de descrever, “como podemos
negociar com alguém que quer nos matar?”
A resposta de Israel é
óbvia – matá-los antes.

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