Escritora iraquiana denuncia “crimes infames” de George Bush no Iraque
Seguem os principais trechos de informe da escritora iraquiana Eman Hamas, publicado por ocasião do 5º ano da invasão do seu país.
Autora do livro “Crônicas do Iraque”, Eman foi diretora do Centro do Observatório da Ocupação, em Bagdá, que desde poucos meses depois da invasão anglo-estadunidense se dedicou a documentar os efeitos da ocupação e a recolher testemunhos que sustentam seus informes.
O crime dos Estados Unidos de invadir e ocupar o Iraque desde 2003, ainda em curso, tem sido uma agressão política e militar das mais infames da história moderna, que passou por cima tanto de todos os códigos morais da humanidade como do direito internacional.
Apesar de que o governo estadunidense era completamente consciente de que eram falsos todos os pretextos para invadir o Iraque (armas de destruição em massa ou vinculação com o terrorismo), e apesar de que a comunidade internacional se opunha a esta agressão, Bush ignorou tudo isso.
Os EUA invadiram uma das civilizações mais antigas do mundo, o Iraque, com 6.000 anos de história, o berço das civilizações, lugar onde se escreveu a primeira carta, onde se estabeleceu a primeira lei, onde se construiu a primeira universidade, onde se utilizou a primeira moeda, onde se criou o primeiro sistema de irrigação, onde se escreveu o primeiro poema…
O Iraque foi submetido a uma destruição sistemática.
Desmantelaram o Estado, aboliram as instituições, destruíram os sistemas educativo, sanitário, econômico, de segurança e de infra-estrutura; inclusive destruíram completamente o tecido social e cultural.
Até o momento morreu um milhão trezentos mil civis iraquianos, mais de cinco milhões se refugiaram fora do Iraque ou tiveram que sair de seus lares (deles, um milhão e meio são crianças), centenas de milhares (incluindo 10.000 mulheres) estão prisioneiros e expostos aos piores tipos de tortura e de humilhação, e carecem de qualquer procedimento legal.
70% dos iraquianos não tem acesso a um fornecimento de água saudável.
O fornecimento de eletricidade está abaixo dos níveis prévios à invasão.
43% da população vive com menos de meio dólar ao dia.
O nível de vida no Iraque piora diariamente a pesar dos contratos de mais de 20 bilhões de dólares pagos a empresas para reconstruir o país, engolidos por elas e pela corrupção desse governo imposto.
O Iraque é agora o terceiro país mais corrupto do mundo.
Até segundo os dados desse governo, o número de desempregados está entre 60 e 70%.
A desnutrição infantil aumentou do 19% que já existia, provocado pelo chamado “período de sanções econômicas” antes da invasão, para o 28% atual.
Segundo as Nações Unidas, 8 milhões de iraquianos necessitam ajuda de emergência.
A velha estratégia colonial de dividir e governar é totalmente responsável pelas divisões sectárias e quanto mais tempo permaneçam os exércitos de ocupação, maior é a possibilidade de uma guerra civil e de que o país se divida.
A ocupação criou os diferentes corpos oficiais de segurança a partir das milícias sectárias e, portanto, lhes deu autoridade ou para matar ou para apoiar e ajudar aos que matavam, seqüestravam, expulsavam devido a critérios de seitas.
Por outro lado, além dos 170.000 soldados pertencentes ao exército estadunidense, no Iraque há 180.000 mercenários que em nome do conflito sectário estão cometendo todo tipo de assassinatos e atentados em zonas civis.
A única forma de deter esses crimes, de responsabilizar por eles aos verdadeiros culpados, os Estados Unidos, e de começar a verdadeira reconstrução do Iraque é apoiar o povo iraquiano em sua resistência à ocupação, mobilizar a comunidade internacional contra a invasão e para acabar com esse genocídio.
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