PENSAMENTOS
Não é no pó que se acumula nas minhas sandálias, que encontrarei as lembranças dos caminhos que já percorri; mas nos sentimentos de que pude desfrutar, durante as minhas viagens.
Como não é nas minhas palavras, que encontrarei as verdades que busco; apenas poderei encontrá-las nas dúvidas que me são trazidas pelos meus irmãos. Pois a resposta não começa a nascer, antes que seja formulada a pergunta.
Assim como o perigo das tempestades não está no estrondo assustador do trovão, mas na beleza ofuscante dos raios, também não é nos anseios do mundo que encontraremos as causas da nossa felicidade, ou do nosso sofrimento; elas estão nos nossos sentimentos, em nosso verdadeiro Eu.
Como o mar, tem o verdadeiro Eu as suas calmarias e as suas borrascas. Como o mar, é profundo e insondável; é nele que residem a melhor e a pior parte de nós. E não podemos controlá-lo; ele é que nos controla, porque é a nossa verdade maior.
Todavia, o homem busca entorpecer-se com os apelos do mundo. É nos valores da sociedade, que busca os parâmetros para medir aos outros e a si mesmo. E, ao fazê-lo, é como a mariposa ingênua, que se deixa atrair pelo brilho fatal da lâmpada enganosa.
Eis que me move o desejo de aprender; e como compreender a Vida, se eu me fechar em mim mesmo e não compartilhar as dúvidas e a sabedoria dos meus irmãos? Pode uma única página possuir toda a sabedoria que habita em um livro? Ou uma única flor exibir todo o colorido de um vasto jardim?
Assim, cada um que ouça as minhas palavras e nelas encontre o ponto de partida para as suas próprias verdades, será para mim como a missão cumprida. Pois o semeador, ao lançar milhões de grãos sobre a terra, sabe que nem todos eles frutificarão; e nem por isso despreza o valor do seu trabalho, ou a alegria da colheita.
Por isto, assim como devo lavar as minhas vestes, para que nelas não persista a poeira do caminho, devo também abrir a minha mente, para que possa aceitar as idéias alheias e nelas descobrir novas verdades. Pois aquele que se julga completo é como uma esponja que, encharcada de presunção, nada mais consegue absorver.
Desejo, apenas, que a minha voz se faça ouvir. Que o meu coração esteja pronto a ouvir os meus irmãos e compreender os seus sentimentos; e, acima de tudo, que a Voz do Universo possa exprimir-se por minhas palavras e orientar-nos na caminhada, que se renova em todos os dias.
A busca do nosso verdadeiro Eu.
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