domingo, 30 de agosto de 2009

SOMOS TODOS PALESTINOS! PELA PAZ NA PALESTINA


Que esses desmandos contra o Povo Palestino não fiquem impunes!
Contra o massacre, somos todos palestinos!


A terra sagrada da Palestina iniciou o ano de 2009 sob o signo da morte.

O gueto de Gaza, sob bombardeio intenso, ardeu em chamas e desespero.

Os fogos de artifício das comemorações festivas da entrada do ano novo foram sobrepujados pelos fogos dos artefatos de guerra.

Transposta do festivo ao lutuoso, a consciência digna da cidadania mundial foi tomada de espanto diante da brutalidade dos acontecimentos.

Agora, depois do cessar-fogo precário, os jornais estampam a radiografia preliminar do desatino.


Quase cinco mil moradias destruídas; dezessete mil casas danificadas; mais de mil e quinhentos estabelecimentos – comércio, pequenas fábricas, oficinas - derrubados; vinte mesquitas bombardeadas; vinte e cinco hospitais, além de escolas, laboratórios, a Universidade e até cemitérios foram atingidos.


A contagem dos cadáveres ainda segue seu curso doloroso, na remoção dos escombros e no espocar das bombas de efeito retardado.

Fala-se, até agora, em mil e trezentos palestinos mortos, a maioria composta por civis, mulheres, idosos e, principalmente, crianças: um terço dos que perderam a vida.


São milhares os feridos e mutilados, sem contar aquele tipo de dano incalculável por cifras e inesgotável no tempo: o pavor dos sobreviventes que vivenciaram indefesos a catástrofe. Em tempo: morreram também treze israelenses, três civis e dez soldados, alguns dos quais capitulados na estranha categoria de “fogo amigo”.


A desproporção é patente, mas a estupidez da investida se espraia para muito além dela.


A faixa de Gaza, como o nome indica, é uma pequena tira de terra que, sem exagero, caberia como bairro em qualquer das nossas grandes capitais.


São 35 quilômetros de extensão por dez de largura, um milhão e quinhentas mil almas espremidas, acuadas, humilhadas e ofendidas no gueto que se constitui como a região de maior densidade populacional do planeta.


Quem despeja bombas em áreas densamente povoadas comete crime de guerra e perde o direito moral de falar em “escudos humanos”.

Quem bombardeia escolas, universidades, hospitais e até cemitérios agride o senso dos que acreditam nas mais prodigiosas realizações do espírito humano.


O ataque aos escritórios das Nações Unidas e aos galpões da ajuda humanitária é um procedimento próprio de quem ultrapassou todos os limites do razoável.


Quem tem a força, sem dúvida, pode avassalar, mas se coloca na contramão do processo civilizatório. Ao lançar mão da força bruta para impor seus desígnios, o Estado de Israel se candidata a um lugar de destaque na história universal da infâmia e da covardia.


Não vale invocar “queridas memórias” para justificar massacres.


Os palestinos, tanto quanto os hebreus, são semitas.


Nem o passado, sem dúvida tecido de heroísmo, deve ser usado para cristalizar intolerâncias.


Árabes e judeus, em outras eras, andaram juntos no sofrimento ou na glória.


Em vínculos de fogo: queimados nos Autos de Fé do Santo Ofício.

Ou em vínculos de luz: na floração cultural da Espanha do século XII, onde Maimônides e Averróis, pontos luminosos das duas culturas milenares do oriente, teceram pontes para que a nascente universidade européia retomasse contatos com o pensamento grego, origem da cultura ocidental, até então seqüestrado e segregado nos mosteiros do obscurantismo.


Jorge Luiz Borges, o grande escritor argentino, escreveu um belo poema por ocasião da guerra das Malvinas.


Fala de dois jovens, o argentino Juan López e o inglês John Ward, arrastados para a morte por “próceres de bronze”.


Diante da brutalidade que se abate sobre a terra prometida, vale recitá-lo:


“Tocou-lhes por azar uma época estranha.O planeta havia sido dividido em distintos países, cada um dotado de lealdades, de queridas memórias, de um passado sem dúvida heróico, de direitos, de agravos, de uma mitologia singular, de próceres de bronze, de aniversários, de demagogos e de símbolos. Essa divisão, cara aos cartógrafos, propiciava guerras. López nascera na cidade junto ao rio imóvel; Ward, nos arredores da cidade por onde andou Father Brown. Havia estudado castelhano para ler o Dom Quixote. O outro professava a paixão por Conrad, que lhe havia sido revelado em uma aula na rua Viamonte.Teriam sido amigos, mas só se viram uma vez, cara a cara, em umas ilhas por demais famosas, e cada um dos dois foi Caim, e cada um, Abel. Foram enterrados juntos. A neve a corrupção os conhecem.O caso que lhes conto ocorreu num tempo que não podemos entender”.


Rio, 22/01/2009

Léo Lince é sociólogo e mestre em ciência política pelo IUPERJ

CONTRA O GOLPE DE ESTADO EM HONDURAS! PELA DEMOCRACIA E PELA PAZ EM HONDURAS!

HONDURAS NÃO SE RENDE!

PELO RETORNO IMEDIATO DO PRESIDENTE MANUEL ZELAYA!





2009-08-06 - A cuarenta días de resistencia popular, Honduras no se rinde


Comun Noticias


San Pedro Sula.

Cuando se cumplen 40 días de haberse perpetrado el golpe militar que derrocó al presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya Rosales, el pueblo hondureño sigue en resistencia popular.

Ayer en horas del mediodía dos marchas: una proveniente del Litoral Atlántico y otra procedente del occidente del país iniciaron su recorrido para unirse en San Pedro Sula el próximo martes donde continuarán la lucha por restablecer la democracia.

Simultáneamente también se desarrollan acciones pacificas en diferentes ciudades del país, donde participan distintos sectores de la
sociedad hondureña que a través del Frente de Resistencia Contra el Golpe de Estado, reclama por el retorno al orden Constitucional que de manera violenta los grupos de poder les arrebataron.

Mientras la
Organización de Estados Americanos (OEA) busca enviar lo antes posible una misión de cancilleres para analizar una salida negociada de la crisis, el régimen de facto continúa aplicando medidas de represión contra los manifestantes.

La mañana de ayer
los estudiantes de la Universidad Nacional Autónoma de Honduras que mantenían tomado el bulevar Suyapa de la capital, fueron reprimidos a toletazos, bombas lacrimógenas y chorros de agua lanzados desde una tanqueta. El operativo policial dejo como resultado varios estudiantes heridos, desmayados y lesionados.

Los estudiantes trataron de salvarse ingresando a los predios de la Universidad, pero la policial los persiguió hasta el interior de la
Máxima Casa de Estudios, donde los alumnos, maestros y trabajadores afiliados al Sindicato se defendieron con piedras, que a la vez eran devueltas por los policías.

Los agentes policiales no solo agredieron a los estudiantes sino también a las autoridades universitarias que reclamaban por el respeto a la autonomía de la Universidad.

Mientras eso ocurría, en otro punto de la capital
miles de manifestantes marcharon con rumbo a la Corte Suprema de Justicia (CSJ), donde llevaron a cabo una manifestación para exigir el cumplimiento de la Constitución de la República y la restitución del presidente, Manuel Zelaya Rosales, asilado político en Nicaragua.

Condena

Una docena y media de
escritores centroamericanos que se reunieron en Guatemala, durante la VI Feria Internacional del Libro, a través de un comunicado condenaron el golpe de Estado, exigieron la restauración del orden constitucional y la restitución del presidente constitucional Manuel Zelaya Rosales, electo democráticamente por el pueblo de Honduras.

Gerey
Jueves 6 agosto 2009

http://www.movimientos.org/show_text.php3?key=15264

Honduras: resistencia popular al golpe

http://www.movimientos.org/honduras.php

A todos os povos do mundo: Tendo passado mais de um mês do golpe militar em Honduras, com 38 dias de uma incansável luta de milhares de camponeses, mulheres, indígenas, professores, estudantes, sindicalistas, e gente simples das cidades e do campo, que lutam para derrotar o golpe e restaurar a democracia e a dignidade, a repressão dirigida pelos golpistas não atingiu o espírito de luta do heróico povo hondurenho.

Esta luta entrou agora em uma fase crucial, pois o movimento camponês hondurenho e a Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe de Estado convocaram aos movimentos sociais, sindicais e democráticos, para uma Marcha Nacional que se inicia neste dia 5 de agosto e culminará no dia 11 de agosto em Tegucigalpa e San Pedro Sula.
Em apoio a esta Marcha Nacional e às nossas irmãs e irmãos camponeses e a todo o povo hondurenho, a Via Campesina lhes faz um chamado a um Dia de Ação Global por Honduras, no próximo dia 11 de agosto, visando empreender a solidariedade mais ampla, levando a cabo mobilizações, atos políticos e culturais, ações de pressão e negociação e qualquer atividade possível que ajude o avanço da luta popular hondurenha na derrota do golpe militar.
Solicitamos que nos informem o mais breve possível de seus planos de ação e trabalho neste Dia de Ação Global de Honduras.
GLOBALIZEMOS A LUTA, GLOBALIZEMOS A ESPERANÇA!

Henry Saragih, coordenador geral da Via Campesina
Para escrever para a Via Campesina Honduras:

Mais informação sobre a resistência ao golpe de Estado em Honduras:
Agora nos podem seguir também pelo Twitter:

terça-feira, 25 de agosto de 2009

POR UMA PALESTINA LIVRE DE INVASORES E OCUPANTES

Por una Palestina libre!

QUE O MUNDO TODO POSSA VER O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM O

POVO PALESTINO!!!!

basta de humillaciones al noble pueblo palestino...israel/u.s.a. nazis del siglo XXI

domingo, 23 de agosto de 2009

MOMENTOS POÉTICOS

O poeta precisa de sonhos para sonhar...
Ah... esse tempo que passa e as lembranças que ficam...
O mundo sonhado e o mundo real a nos trazer desenganos
E nosso coração a manter acessa a luz da esperança
para que não se apague em nossa alma
a cor da claridade,
que é a cor do querer as coisas simples,
puras e belas.

A COR DA CLARIDADE
Quando aqui cheguei
Era diferente este Mundo
No celeste havia mais estrelas
No Mar o azul era mais profundo
Adormeci na partida
Foi uma viagem pelo impensável
Flutuei num mar feito de carinho no tempo
No embalo de canções de voz amável
Mundos!
Entre os dois se faz a claridade
Moldado ser de barro cru
Uma parte sonho a outra verdade
Esta roda onde ganho forma
Tem a frieza do Inverno dos anos
Gira entre o dia e cada noite
Numa comédia de desenganos
Mas esta lava incandescente
Derramada no meu peito
Faz de mim um ser ardente
Que o amor o faz completo
A chuva não pára
Novelos de hortênsias pintam a ilha
São pingos do céu solto dos olhos
De um deus que proclama a maravilha
Pedras desenham o caminho
Conheço os dons da terra
Este verde inunda-me os olhos
Esta alma declara uma guerra…
...Ao meu querer!
Dias noites, estações esquecidas
Inventei sonhos para sonhar
Lavei mágoas, dores perdidas
Uma árvore toca as águas da lagoa
O nevoeiro faz desenhos nas cumeeiras
Um Melro negro solta um pio ao acaso
A palavra quero-te diz-se de mil maneiras
Quero-te simplesmente!
Mas apenas uma soa à verdade
Entre dois mundos vive em espera
Que soltes da alma a…Cor da claridade…
Mar revolto, mar revolto
Senhor de todas as conquistas,
Inspiração de muitas almas.
Tu, deus dos oceanos,
Que em tuas águas
Banhas sentimentos,
Que curas feridas deixadas pelo tempo.
Tu, que fazes sonhar
Os seres mais nobres,
Que levas a calma aos mais turbulentos.
Oh, mar da minha vida,
Que despertas o mais profundo do meu ser.
Faz-me apaixonar por tuas ondas,
E fantasiar com a esperança.
Mar da minha paixão,
Que transportas no teu dorso a sabedoria,
Que escondes e guardas segredos,
Nunca revelados.
Mar revolto, mar calmo
Leva-me em teu colo
E guarda contigo....
Todos os meus pensamentos.
Quero ver o sol sorrindo
abrir-se em raios amarelo-ouro
a circundar-me a luz de sua auréola
acariciando a alma, me aquecendo a pele.
Quero ver de perto a primavera
após a despedida do frio do inverno,
pra avaliar e apreciar o belo
e com ele, estabelecer um elo.
Quero banhos de cachoeira
sentindo o impacto de suas águas brancas
a energizar meu corpo, fazê-lo de remanso
e da mansidão da paz, eterna companheira.
Ver, nas tardes lânguidas de outono,
folhas caindo; alimentar meus sonhos
de imagens ricas que vão se formando
e quando concretizados, pensar que estou sonhando.
Quero andar de bem com a vida,
em harmonia com o ontem, hoje e amanhã...
fazer da dor uma aliada, não uma vilã;
despir-me de rancores, vestir todos amores.
Que as incertezas geradas pela imposição da vida não bifurquem meu caminho;
Que as asperezas sofridas não me separem do carinho;
Que o frio do inverno não congele meus sentimentos;
Que o breu da noite não me impeça de imaginar a lua;
Que o espinho da rosa não me afaste de sua beleza;
Que os erros cometidos me façam refletir e um dia acertar;
Que ao buscar a liberdade a encontre primeiro em mim;
Que eu saiba discernir desejo e prazer, amor e paixão, ser e ter, para que me complete como ser humano;
Que a razão esteja na mesma proporção da emoção e que se manifeste a que mais se requer , no momento que melhor aprouver;
Que minhas expectativas caminhem ao lado dos sonhos e que eles não voem mais alto que eu possa alcançar;
Que a distância por mim percorrida não me desvincule de minhas raízes;
Que cada derrota vivida seja um trampolim para recomeçar;
Que após cada vendaval eu creia num novo sol a sorrir;
Que a justiça seja meu escudo no combate aos preconceitos e desigualdades sociais;
Que o universo conspire a meu favor a cada apelo, a cada grito de dor;
Que antes de mais nada seja lida minha alma e não prevaleçam as aparências;
Que o amor fale mais alto, calando a insensatez do ódio;
Que as cores do arco-íris descortinem as brumas do oceano refletindo as belezas do mundo;
E quando a aridez do solo sangrar os meus pés, que eu crie asas e possa voar...

sábado, 22 de agosto de 2009

APOIO À NOVA LEI DE EDUCAÇÃO DO GOVERNO CHÁVEZ


América Latina
Venezuelanos marcham a favor e contra nova lei de educação


De Caracas para a BBC Brasil

Milhares de venezuelanos saíram às ruas neste sábado em duas manifestações diferentes, uma pró e outra contra a nova lei de educação promulgada pelo Parlamento há uma semana.
A marcha da oposição, que ocupou uma das principais avenidas do centro-oeste da cidade, foi dispersa pela Polícia Metropolitana com bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água quando um grupo de manifestantes tentou romper o cordão de isolamento colocado pelos policiais perto do ponto final da manifestação, que havia sido previamente acordado entre o Executivo e a oposição.
Os opositores ao governo de Hugo Chávez
argumentam que a nova lei pretende "ideologizar" a educação venezuelana.


"Não quero que ensinem comunismo para meu filho. Queremos liberdade", afirmou a comerciante Augusta Hernández, que admitiu à reportagem da BBC Brasil não ter lido as modificações que foram realizadas na nova legislação.

"Não tive tempo, mas vi pela televisão o que esse governo quer fazer, querem controlar tudo".

Ao longo da manifestação opositora se via cartazes com as frases "Não à mordaça na educação" e " Não admito tua lei cubana".

O governo, por sua vez, argumenta que a nova lei garante o acesso justo ao sistema educativo e o livre pensamento.

"Essa ferramenta, no caso da educação universitária, dá direito aos estudantes a ingressarem ao sistema sem que ninguém tenha que fazer provas (vestibular) (...), é uma lei que permite a inclusão", afirmou o ministro de Educação, Luis Acuña, em entrevista ao canal estatal, durante a manifestação a favor da lei.

Educação laica

A nova lei, assim como a anterior, reitera o caráter laico da educação venezuelana, medida que provocou o rechaço da cúpula da Igreja Católica, que adiantou que não acatará a regra.

"A nova lei inclui todos os venezuelanos. Antes, mesmo sendo proibido, davam aulas de catolicismo nas escolas. Como ficavam as crianças que seguem outra religião?", afirmou a professora Nícia Bolívar, durante a manifestação pró-lei que tomou uma avenida do centro da capital Caracas.

Entre outros aspectos, a nova legislação obriga a aplicação da "doutrina bolivariana" - referente a Símon Bolívar, prócer da independência da América Latina hispânica - nos cursos de ensino básico e médio.

A lei também permite que os Conselhos Comunais - que funcionam como uma espécie de grupo de Orçamento Participativo - assumam um papel de controladoria pública nas escolas e universidades.


Outro controvertido artigo que tem sido rejeitado pelos grupos empresariais da comunicação é o que co-responsabiliza aos meios de comunicação na educação da sociedade venezuelana.


Além de proibir a difusão de mensagens de violência, que "incitem o ódio" e que sejam "contrárias à soberania nacional", a legislação determina que os professores ensinem aos alunos a desenvolverem "pensamento crítico" frente aos meios de comunicação.


Venezuela aprova nova Lei de Educação

A Assembleia Nacional da Venezuela aprovou, nesta quinta-feira (14), uma nova Lei de Educação.

A medida gerou polêmica entre os apoiadores e opositores do governo do presidente venezuelano Hugo Chávez.


A nova lei resgata o papel do Estado na educação e cria conselhos comunitários, onde organizações da sociedade participam da gestão da educação no país. Para a direita da Venezuela e opositores do governo Chávez, isto é um abuso.


A direita da Venezuela é apoiada por setores ligados à igreja, que também não ficaram nada satisfeitos com a nova Lei de Educação. Isso porque a educação tornou-se laica, ou seja, sem ligação com qualquer expressão de religiosidade.

Dentro da nova lei, os meios de comunicação também são mencionados. Eles são obrigados a fazer com que a programação seja condizente com a Constituição do país.

Quem veicular material negativo para crianças será punido.


A direita acredita que isto é um controle excessivo do governo.
Chávez, com a nova lei de Educação, pretende fazer com que a legislação venezuelana se adapte ao Plano de Nação estabelecido em 2007.
O Plano, que tem um prazo de efetivação até 2013, propõe diretrizes para maior igualdade social do país.

De São Paulo, da Radioagência NP, Ana Maria Amorim. 14/08/09

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

CENSURA NO AFEGANISTÃO

Guerrilha afegã amplia ataques e Karzai apela para a censura


Ataque a comboio militar dos invasores pela guerrilha afegã foi o principal de um conjunto de ataques coordenados dois dias antes da farsa eleitoral montada pela ocupação em conjunto com o governo fantoche de Hamid Karzai, candidato à “reeleição”.

Pouco antes, o palácio presidencial foi alvo de ataque com foguetes que caíram nas imediações do prédio.
No mesmo dia 17, um posto policial-militar foi também atingido e os ocupantes admitiram a morte de três soldados fantoches.

Segundo ainda os invasores, no leste do país outros dois soldados ianques foram mortos “por uma explosão em uma estrada”.
“A presença deles [dos guerrilheiros] e sua força são inegáveis através do país”,
afirma o pesquisador do Instituto de Estudos de Segurança da União Européia, Luis Peral, em entrevista ao jornal Le Monde.
Diante do avanço da guerrilha, o governo fantoche recorreu à censura: todos os jornais e agências foram instados a não publicar nada sobre suas ações de combate.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

COMBATENDO O VÍRUS H1N1 NAS ESCOLAS


GRIPE SUÍNA - NAS ESCOLAS - PERGUNTAS E RESPOSTAS:

Nos últimos meses, como é de conhecimento de todos, muito se tem ouvido falar a respeito das estatísticas que mostram casos comprovados de infecção pelo vírus Influenza A (H1N1).
A disseminação do vírus em todos os continentes levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar a primeira pandemia de Influenza do século XXI.
Diante disso, recomendam-se aos alunos que retornaram de viagens ao exterior ou que tenham tido contato com pessoas remanescentes desses locais, que se ausentem da escola por 10 dias, após a data do seu retorno.
A mesma orientação é feita aos alunos que tiveram contato com pessoas infectadas pelo vírus Influenza.

Os alunos com sintomas gripais deverão ficar em casa durante sete dias após o início da enfermidade.
Quanto tempo dura vivo o vírus suíno numa maçaneta ou superfície lisa?
Até 10 horas.

Quão útil é o álcool em gel para limpar as mãos?
Torna o vírus inativo e o mata.

Qual é a forma de contágio mais eficiente deste vírus?
A via aérea não é a mais efetiva para a transmissão do vírus, o fator mais importante para que se instale o vírus é a umidade, (mucosa do nariz, boca e olhos) o vírus não voa e não alcança mais de um metro de distancia.

Como posso evitar o contágio?
Não passar as mãos no rosto, olhos, nariz e boca. Não estar com gente doente. Lavar as mãos mais de 10 vezes por dia.

Qual é o período de incubação do vírus?
Em média de 5 a 7 dias e os sintomas aparecem quase imediatamente.

De que forma o vírus entra no corpo?
Por contato ao dar a mão ou beijar-se no rosto e pelo nariz, boca e olhos.

O vírus é mortal?
Não, o que ocasiona a morte é a complicação da doença causada pelo vírus, que é a pneumonia.

Qual é a probabilidade de recair com a mesma doença?
De 0%, porque fica-se imune ao vírus.

Onde encontra-se o vírus no ambiente?
Quando uma pessoa portadora espirra ou tosse, o virus pode ficar nas superfícies lisas como maçanetas, dinheiro, papel, documentos, sempre que houver umidade. Já que não será esterilizado o ambiente se recomenda extremar a higiene das mãos.

Serve para algo tomar Vitamina C?
Não serve para nada para prevenir o contagio deste vírus, mas ajuda a resistir seu ataque.

Posso tomar acido acetilsalicílico (aspirina)?
Não é recomendável, pode ocasionar outras doenças, a menos que você tenha prescrição por problemas coronários, nesse caso siga tomado.

Serve para algo tomar antivirais antes dos síntomas?
Não servem para nada.

O que mata o vírus?
O sol, mais de 5 dias no meio ambiente, o sabão, os antivirais, álcool em gel.

Aquele que se infectou deste vírus e se curou, fica imune?
SIM.

Medidas que as pessoas que trabalham devam tomar?
Lavar as mãos muitas vezes ao dia.

Pode-se comer carne de porco?
SIM, pode e não há nenhum risco de contágio.

domingo, 16 de agosto de 2009

MOMENTOS DE REFLEXÃO FILOSÓFICA

“Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil;
se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil;
se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil;
se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil;
se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil,
então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.”
(Marilena Chaui)

As evidências do cotidiano
Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas, situações.
Fazemos perguntas como "que horas são?", ou "que dia é hoje?".
Dizemos frases como "ele está sonhando", ou "ela ficou maluca".
Fazemos afirmações como "onde há fumaça, há fogo", ou "não saia na chuva para não se resfriar".
Avaliamos coisas e pessoas, dizendo, por exemplo, "esta casa é mais bonita do que a outra" e "Maria está mais jovem do que Glorinha".

Numa disputa, quando os ânimos estão exaltados, um dos contendores pode gritar ao outro:
"Mentiroso! Eu estava lá e não foi isso o que aconteceu", e alguém, querendo acalmar a briga, pode dizer: "Vamos ser objetivos, cada um diga o que viu e vamos nos entender".

Também é comum ouvirmos os pais e amigos dizerem que somos muito subjetivos quando o assunto é o namorado ou a namorada.
Freqüentemente, quando aprovamos uma pessoa, o que ela diz, como ela age, dizemos que essa pessoa "é legal".

Vejamos um pouco mais de perto o que dizemos em nosso cotidiano.

Quando pergunto "que horas são?" ou "que dia é hoje?", minha expectativa é a de que alguém, tendo um relógio ou um calendário, me dê a resposta exata.
Em que acredito quando faço a pergunta e aceito a resposta?
Acredito que o tempo existe, que ele passa, pode ser medido em horas e dias, que o que já passou é diferente de agora e o que virá também há de ser diferente deste momento, que o passado pode ser lembrado ou esquecido, e o futuro, desejado ou temido.
Assim, uma simples pergunta contém, silenciosamente, várias crenças não questionadas por nós.

Quando digo "ele está sonhando", referindo-me a alguém que diz ou pensa alguma coisa que julgo impossível ou improvável, tenho igualmente muitas crenças silenciosas: acredito que sonhar é diferente de estar acordado, que, no sonho, o impossível e o improvável se apresentam como possível e provável, e também que o sonho se relaciona com o irreal, enquanto a vigília se relaciona com o que existe realmente.

Acredito, portanto, que a realidade existe fora de mim, posso percebê-la e conhecê-la tal como é, sei diferenciar realidade de ilusão.

A frase "ela ficou maluca" contém essas mesmas crenças e mais uma: a de que sabemos diferenciar razão de loucura e maluca é a pessoa que inventa uma realidade existente só para ela
Assim, ao acreditar que sei distinguir razão de loucura, acredito também que a razão se refere a uma realidade que é a mesma para todos, ainda que não gostemos das mesmas coisas.

Quando alguém diz "onde há fumaça, há fogo" ou "não saia na chuva para não se resfriar", afirma silenciosamente muitas crenças: acredita que existem relações de causa e efeito entre as coisas, que onde houver uma coisa certamente houve uma causa para ela, ou que essa coisa é causa de alguma outra (o fogo causa a fumaça como efeito, a chuva causa o resfriado como efeito).
Acreditamos, assim, que a realidade é feita de causalidades, que as coisas, os fatos, as situações se encadeiam em relações causais que podemos conhecer e, até mesmo, controlar para o uso de nossa vida.

Quando avaliamos que uma casa é mais bonita do que a outra, ou que Maria está mais jovem do que Glorinha, acreditamos que as coisas, as pessoas, as situações, os fatos podem ser comparados e avaliados, julgados pela qualidade (bonito, feio, bom, ruim) ou pela quantidade (mais, menos, maior, menor).
Julgamos, assim, que a qualidade e a quantidade existem, que podemos conhecê-las e usá-las em nossa vida.

Se, por exemplo, dissermos que "o sol é maior do que o vemos", também estamos acreditando que nossa percepção alcança as coisas de modos diferentes, ora tais como são em si mesmas, ora tais como nos aparecem, dependendo da distância, de nossas condições de visibilidade ou da localização e do movimento dos objetos.

Acreditamos, portanto, que o espaço existe, possui qualidades (perto, longe, alto, baixo) e quantidades, podendo ser medido (comprimento, largura, altura).
No exemplo do sol, também se nota que acreditamos que nossa visão pode ver as coisas diferentemente do que elas são, mas nem por isso diremos que estamos sonhando ou que ficamos malucos.

Na briga, quando alguém chama o outro de mentiroso porque não estaria dizendo os fatos exatamente como aconteceram, está presente a nossa crença de que
há diferença entre verdade e mentira.
A primeira diz as coisas tais como são, enquanto a segunda faz exatamente o contrário, distorcendo a realidade.

No entanto, consideramos a mentira diferente do sonho, da loucura e do erro porque o sonhador, o louco e o que erra se iludem involuntariamente, enquanto o mentiroso decide voluntariamente deformar a realidade e os fatos.

Com isso, acreditamos que o erro e a mentira são falsidades, mas diferentes porque somente na mentira há a decisão de falsear.
Ao diferenciarmos erro de mentira, considerando o primeiro uma ilusão ou um engano involuntários e a segunda uma decisão voluntária, manifestamos silenciosamente a crença de que somos seres dotados de vontade e que dela depende dizer a verdade ou a mentira.
Ao mesmo tempo, porém, nem sempre avaliamos a mentira como alguma coisa ruim: não gostamos tanto de ler romances, ver novelas, assistir a filmes?
E não são mentira?
É que também acreditamos que quando alguém nos avisa que está mentindo, a mentira é aceitável, não seria uma mentira "no duro", "pra valer".

Quando distinguimos entre verdade e mentira e distinguimos mentiras inaceitáveis de mentiras aceitáveis, não estamos apenas nos referindo ao conhecimento ou desconhecimento da realidade, mas também ao caráter da pessoa, à sua moral.
Acreditamos, portanto, que as pessoas, porque possuem vontade, podem ser morais ou imorais, pois cremos que a vontade é livre para o bem ou para o mal.

Na briga, quando uma terceira pessoa pede às outras duas para que sejam "objetivas" ou quando falamos dos namorados como sendo "muito subjetivos", também estamos cheios de crenças silenciosas.
Acreditamos que quando alguém quer defender muito intensamente um ponto de vista, uma preferência, uma opinião, até brigando por isso, ou quando sente um grande afeto por outra pessoa, esse alguém "perde" a objetividade, ficando "muito subjetivo".
Com isso, acreditamos que a objetividade é uma atitude imparcial que alcança as coisas tais como são verdadeiramente, enquanto a subjetividade é uma atitude parcial, pessoal, ditada por sentimentos variados (amor, ódio, medo, desejo). Assim, não só acreditamos que a objetividade e a subjetividade existem, como ainda acreditamos que são diferentes e que a primeira não deforma a realidade, enquanto a segunda, voluntária ou involuntariamente, a deforma.
Ao dizermos que alguém "é legal" porque tem os mesmos gostos, as mesmas idéias, respeita ou despreza as mesmas coisas que nós e tem atitudes, hábitos e costumes muito parecidos com os nossos, estamos, silenciosamente, acreditando que a vida com as outras pessoas - família, amigos, escola, trabalho, sociedade, política - nos faz semelhantes ou diferentes em decorrência de normas e valores morais, políticos, religiosos e artísticos, regras de conduta, finalidades de vida.

Achando óbvio que todos os seres humanos seguem regras e normas de conduta, possuem valores morais, religiosos, políticos, artísticos, vivem na companhia de seus semelhantes e procuram distanciar-se dos diferentes dos quais discordam e com os quais entram em conflito, acreditamos que somos seres sociais, morais e racionais, pois regras, normas, valores, finalidades só podem ser estabelecidos por seres conscientes e dotados de raciocínio.

Como se pode notar, nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, da aceitação tácita de evidências que nunca questionamos porque nos parecem naturais, óbvias. Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade, na quantidade, na verdade, na diferença entre realidade e sonho ou loucura, entre verdade e mentira; cremos também na objetividade e na diferença entre ela e a subjetividade, na existência da vontade, da liberdade, do bem e do mal, da moral, da sociedade.

Imaginemos, agora, alguém que tomasse uma decisão muito estranha e começasse a fazer perguntas inesperadas.
Em vez de "que horas são?" ou "que dia é hoje?", perguntasse: O que é o tempo?
Em vez de dizer "está sonhando" ou "ficou maluca", quisesse saber:
O que é o sonho?
A loucura?
A razão?

Se essa pessoa fosse substituindo sucessivamente suas perguntas, suas afirmações por outras: “Onde há fumaça, há fogo”, ou “não saia na chuva para não ficar resfriado”, por: O que é causa? O que é efeito?; “seja objetivo”, ou “eles são muito subjetivos”, por: O que é a objetividade? O que é a subjetividade?; “Esta casa é mais bonita do que a outra”, por: O que é “mais”? O que é “menos”? O que é o belo?
Em vez de gritar “mentiroso!”, questionasse:
O que é a verdade?
O que é o falso?
O que é o erro?
O que é a mentira?
Quando existe verdade e por quê?
Quando existe ilusão e por quê?

Se, em vez de falar na subjetividade dos namorados, inquirisse:
O que é o amor?
O que é o desejo?
O que são os sentimentos?

Se, em lugar de discorrer tranqüilamente sobre “maior” e “menor” ou “claro” e “escuro”, resolvesse investigar: O que é a quantidade? O que é a qualidade?
E se, em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas idéias, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferisse analisar:
O que é um valor?
O que é um valor moral?
O que é um valor artístico?
O que é a moral?
O que é a vontade?
O que é a liberdade?

Alguém que tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência.
Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de
atitude filosófica.

Assim, uma primeira resposta à pergunta “O que é Filosofia?” poderia ser: A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido.
Perguntaram, certa vez, a um filósofo: “Para que Filosofia?”. E ele respondeu: “Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações”.

A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às idéias da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido.
A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira.
O que é?
Por que é?
Como é?
Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.

A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico.

A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto, começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber; por isso, o patrono da Filosofia, o grego Sócrates, afirmava que a primeira e fundamental verdade filosófica é dizer: “Sei que nada sei”. Para o discípulo de Sócrates, o filósofo grego Platão, a Filosofia começa com a admiração; já o discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles, acreditava que a Filosofia começa com o espanto.

Admiração e espanto significam: tomamos distância do nosso mundo costumeiro, através de nosso pensamento, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos.

Para que Filosofia?

Ora, muitos fazem uma outra pergunta: afinal, para que Filosofia?
É uma pergunta interessante.
Não vemos nem ouvimos ninguém perguntar, por exemplo, para que matemática ou física? Para que geografia ou geologia? Para que história ou sociologia? Para que biologia ou psicologia? Para que astronomia ou química? Para que pintura, literatura, música ou dança?
Mas todo mundo acha muito natural perguntar: Para que Filosofia?

Em geral, essa pergunta costuma receber uma resposta irônica, conhecida dos estudantes de Filosofia: “A Filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”. Ou seja, a Filosofia não serve para nada. Por isso, se costuma chamar de “filósofo” alguém sempre distraído, com a cabeça no mundo da lua, pensando e dizendo coisas que ninguém entende e que são perfeitamente inúteis.

Essa pergunta, “Para que Filosofia?”, tem a sua razão de ser.

Em nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade imediata.
Por isso, ninguém pergunta para que as ciências, pois todo mundo imagina ver a utilidade das ciências nos produtos da técnica, isto é, na aplicação científica à realidade.
Todo mundo também imagina ver a utilidade das artes, tanto por causa da compra e venda das obras de arte, quanto porque nossa cultura vê os artistas como gênios que merecem ser valorizados para o elogio da humanidade.
Ninguém, todavia, consegue ver para que serviria a Filosofia, donde dizer-se: não serve para coisa alguma.
Parece, porém, que o senso comum não enxerga algo que os cientistas sabem muito bem.
As ciências pretendem ser conhecimentos verdadeiros, obtidos graças a procedimentos rigorosos de pensamento; pretendem agir sobre a realidade, através de instrumentos e objetos técnicos; pretendem fazer progressos nos conhecimentos, corrigindo-os e aumentando-os.
Ora, todas essas pretensões das ciências pressupõem que elas acreditam na existência da verdade, de procedimentos corretos para bem usar o pensamento, na tecnologia como aplicação prática de teorias, na racionalidade dos conhecimentos, porque podem ser corrigidos e aperfeiçoados.

Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões filosóficas.
O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a Filosofia quem as formula e busca respostas para elas.

Assim, o trabalho das ciências pressupõe, como condição, o trabalho da Filosofia, mesmo que o cientista não seja filósofo.
No entanto, como apenas os cientistas e filósofos sabem disso, o senso comum continua afirmando que a Filosofia não serve para nada.

Para dar alguma utilidade à Filosofia, muitos consideram que, de fato, a Filosofia não serviria para nada, se “servir” fosse entendido como a possibilidade de fazer usos técnicos dos produtos filosóficos ou dar-lhes utilidade econômica, obtendo lucros com eles; consideram também que a Filosofia nada teria a ver com a ciência e a técnica.

Para quem pensa dessa forma, o principal para a Filosofia não seriam os conhecimentos (que ficam por conta da ciência), nem as aplicações de teorias (que ficam por conta da tecnologia), mas o ensinamento moral ou ético.
A Filosofia seria a arte do bem viver.
Estudando as paixões e os vícios humanos, a liberdade e a vontade, analisando a capacidade de nossa razão para impor limites aos nossos desejos e paixões, ensinando-nos a viver de modo honesto e justo na companhia dos outros seres humanos, a Filosofia teria como finalidade ensinar-nos a virtude, que é o princípio do bem-viver.

Essa definição da Filosofia, porém, não nos ajuda muito.
De fato, mesmo para ser uma arte moral ou ética, ou uma arte do bem-viver, a Filosofia continua fazendo suas perguntas desconcertantes e embaraçosas:
O que é o homem?
O que é a vontade?
O que é a paixão?
O que é a razão?
O que é o vício?
O que é a virtude?
O que é a liberdade?
Como nos tornamos livres, racionais e virtuosos?
Por que a liberdade e a virtude são valores para os seres humanos?
O que é um valor?
Por que avaliamos os sentimentos e as ações humanas?

Assim, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia não é o conhecimento da realidade, nem o conhecimento da nossa capacidade para conhecer, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia é apenas a vida moral ou ética, ainda assim, o estilo filosófico e a atitude filosófica permaneceriam os mesmos, pois as perguntas filosóficas - o que, por que e como - permanecem.

Atitude filosófica: indagar

Se, portanto, deixarmos de lado, por enquanto, os objetos com os quais a Filosofia se ocupa, veremos que a atitude filosófica possui algumas características que são as mesmas, independentemente do conteúdo investigado.
Essas características são:

- perguntar o que a coisa, ou o valor, ou a idéia, é.
A Filosofia pergunta qual é a realidade ou natureza e qual é a significação de alguma coisa, não importa qual;
- perguntar como a coisa, a idéia ou o valor, é.
A Filosofia indaga qual é a estrutura e quais são as relações que constituem uma coisa, uma idéia ou um valor;
- perguntar por que a coisa, a idéia ou o valor, existe e é como é.
A Filosofia pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa, de uma idéia, de um valor.

A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações ao mundo que nos rodeia e às relações que mantemos com ele.
Pouco a pouco, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, à nossa capacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar.
Por isso, pouco a pouco, as perguntas da Filosofia se dirigem ao próprio pensamento:
o que é pensar, como é pensar, por que há o pensar?
A Filosofia torna-se, então, o pensamento interrogando-se a si mesmo.
Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a Filosofia se realiza como reflexão.

A reflexão filosófica

Reflexão significa movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo.
A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo.
A reflexão filosófica é radical porque é um movimento de volta do pensamento sobre si mesmo para conhecer-se a si mesmo, para indagar como é possível o próprio pensamento.

Não somos, porém, somente seres pensantes.
Somos também seres que agem no mundo, que se relacionam com os outros seres humanos, com os animais, as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos, e exprimimos essas relações tanto por meio da linguagem quanto por meio de gestos e ações.

A reflexão filosófica também se volta para essas relações que mantemos com a realidade circundante, para o que dizemos e para as ações que realizamos nessas relações.

A reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de perguntas ou questões:

1. Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? Isto é, quais os motivos, as razões e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que dizemos, fazermos o que fazemos?
2. O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fazemos?
3. Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é, qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?

Essas três questões podem ser resumidas em:
O que é pensar, falar e agir?
E elas pressupõem a seguinte pergunta:
Nossas crenças cotidianas são ou não um saber verdadeiro, um conhecimento?

Como vimos, a atitude filosófica inicia-se indagando: O que é? Como é? Por que é?, dirigindo-se ao mundo que nos rodeia e aos seres humanos que nele vivem e com ele se relacionam. São perguntas sobre a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas.

Já a reflexão filosófica indaga: Por quê?, O quê?, Para quê?, dirigindo-se ao pensamento, aos seres humanos no ato da reflexão. São perguntas sobre a capacidade e a finalidade humanas para conhecer e agir.

Filosofia: um pensamento sistemático

Essas indagações fundamentais não se realizam ao acaso, segundo preferências e opiniões de cada um de nós.
A Filosofia não é um “eu acho que” ou um “eu gosto de”.
Não é pesquisa de opinião à maneira dos meios de comunicação de massa.
Não é pesquisa de mercado para conhecer preferências dos consumidores e montar uma propaganda.

As indagações filosóficas se realizam de modo sistemático.

Que significa isso?

Significa que a Filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, busca encadeamentos lógicos entre os enunciados, opera com conceitos ou idéias obtidos por procedimentos de demonstração e prova, exige a fundamentação racional do que é enunciado e pensado. Somente assim a reflexão filosófica pode fazer com que nossa experiência cotidiana, nossas crenças e opiniões alcancem uma visão crítica de si mesmas.
Não se trata de dizer “eu acho que”,
mas de poder afirmar “eu penso que”.

O conhecimento filosófico é um trabalho intelectual.
É sistemático porque não se contenta em obter respostas para as questões colocadas, mas exige que as próprias questões sejam válidas e, em segundo lugar, que as respostas sejam verdadeiras, estejam relacionadas entre si, esclareçam umas às outras, formem conjuntos coerentes de idéias e significações, sejam provadas e demonstradas racionalmente.

Quando o senso comum diz “esta é minha filosofia” ou “isso é a filosofia de fulana ou de fulano”, engana-se e não se engana.

Engana-se porque imagina que para “ter uma filosofia” basta alguém possuir um conjunto de idéias mais ou menos coerentes sobre todas as coisas e pessoas, bem como ter um conjunto de princípios mais ou menos coerentes para julgar as coisas e as pessoas.
“Minha filosofia” ou a “filosofia de fulano” ficam no plano de um “eu acho” coerente.

Mas o senso comum não se engana ao usar essas expressões porque percebe, ainda que muito confusamente, que há uma característica nas idéias e nos princípios que nos leva a dizer que são uma filosofia: a coerência, as relações entre as idéias e entre os princípios.
Ou seja, o senso comum pressente que a Filosofia opera sistematicamente, com coerência e lógica, que a Filosofia tem uma vocação para formar um todo daquilo que aparece de modo fragmentado em nossa experiência cotidiana.

Em busca de uma definição da Filosofia
Quando começamos a estudar Filosofia, somos logo levados a buscar o que ela é.
Nossa primeira surpresa surge ao descobrirmos que não há apenas uma definição da Filosofia, mas várias.
A segunda surpresa vem ao percebermos que, além de várias, as definições parecem contradizer-se.
Eis porque muitos, cheios de perplexidade, indagam: afinal, o que é a Filosofia que sequer consegue dizer o que ela é?

Uma primeira aproximação nos mostra pelo menos quatro definições gerais do que seria a Filosofia:

1. Visão de mundo de um povo, de uma civilização ou de uma cultura. Filosofia corresponde, de modo vago e geral, ao conjunto de idéias, valores e práticas pelos quais uma sociedade apreende e compreende o mundo e a si mesma, definindo para si o tempo e o espaço, o sagrado e o profano, o bom e o mau, o justo e o injusto, o belo e o feio, o verdadeiro e o falso, o possível e o impossível, o contingente e o necessário.
Qual o problema dessa definição? Ela é tão genérica e tão ampla que não permite, por exemplo, distinguir a Filosofia e religião, Filosofia e arte, Filosofia e ciência. Na verdade, essa definição identifica Filosofia e Cultura, pois esta é uma visão de mundo coletiva que se exprime em idéias, valores e práticas de uma sociedade.
A definição, portanto, não consegue acercar-se da especificidade do trabalho filosófico e por isso não podemos aceitá-la.
2. Sabedoria de vida. Aqui, a Filosofia é identificada com a definição e a ação de algumas pessoas que pensam sobre a vida moral, dedicando-se à contemplação do mundo para aprender com ele a controlar e dirigir suas vidas de modo ético e sábio.
A Filosofia seria uma contemplação do mundo e dos homens para nos conduzir a uma vida justa, sábia e feliz, ensinando-nos o domínio sobre nós mesmos, sobre nossos impulsos, desejos e paixões. É nesse sentido que se fala, por exemplo, numa filosofia do budismo.
Esta definição, porém, nos diz, de modo vago, o que se espera da Filosofia (a sabedoria interior), mas não o que é e o que faz a Filosofia e, por isso, também não podemos aceitá-la.
3. Esforço racional para conceber o Universo como uma totalidade ordenada e dotada de sentido. Nesse caso, começa-se distinguindo entre Filosofia e religião e até mesmo opondo uma à outra, pois ambas possuem o mesmo objeto (compreender o Universo), mas a primeira o faz através do esforço racional, enquanto a segunda, por confiança (fé) numa revelação divina.
Ou seja, a Filosofia procura discutir até o fim o sentido e o fundamento da realidade, enquanto a consciência religiosa se baseia num dado primeiro e inquestionável, que é a revelação divina indemonstrável.
Pela fé, a religião aceita princípios indemonstráveis e até mesmo aqueles que podem ser considerados irracionais pelo pensamento, enquanto a Filosofia não admite indemonstrabilidade e irracionalidade. Pelo contrário, a consciência filosófica procura explicar e compreender o que parece ser irracional e inquestionável.
No entanto, esta definição também é problemática, porque dá à Filosofia a tarefa de oferecer uma explicação e uma compreensão totais sobre o Universo, elaborando um sistema universal ou um sistema do mundo, mas sabemos, hoje, que essa tarefa é impossível.
Há pelo menos duas limitações principais a esta pretensão totalizadora: em primeiro lugar, porque a explicação sobre a realidade também é oferecida pelas ciências e pelas artes, cada uma das quais definindo um aspecto e um campo da realidade para estudo (no caso das ciências) e para a expressão (no caso das artes), já não sendo pensável uma única disciplina que pudesse abranger sozinha a totalidade dos conhecimentos; em segundo lugar, porque a própria Filosofia já não admite que seja possível um sistema de pensamento único que ofereça uma única explicação para o todo da realidade. Por isso, esta definição também não pode ser aceita.
4. Fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas. A Filosofia, cada vez mais, ocupa-se com as condições e os princípios do conhecimento que pretenda ser racional e verdadeiro; com a origem, a forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, artísticos e culturais; com a compreensão das causas e das formas da ilusão e do preconceito no plano individual e coletivo; com as transformações históricas dos conceitos, das idéias e dos valores.

A Filosofia volta-se, também, para o estudo da consciência em suas várias modalidades:
percepção,
imaginação,
memória,
linguagem,
inteligência,
experiência,
reflexão,
comportamento,
vontade,
desejo e
paixões,
procurando descrever as formas e os conteúdos dessas modalidades de relação entre o ser humano e o mundo, do ser humano consigo mesmo e com os outros.
Finalmente, a Filosofia visa ao estudo e à interpretação de idéias ou significações gerais como: realidade, mundo, natureza, cultura, história, subjetividade, objetividade, diferença, repetição, semelhança, conflito, contradição, mudança, etc.
Sem abandonar as questões sobre a essência da realidade, a Filosofia procura diferenciar-se das ciências e das artes, dirigindo a investigação sobre o mundo natural e o mundo histórico (ou humano) num momento muito preciso: quando perdemos nossas certezas cotidianas e quando as ciências e as artes ainda não ofereceram outras certezas para substituir as que perdemos.

Em outras palavras, a Filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural (o mundo das coisas) e a histórica (o mundo dos homens) tornam-se estranhas, espantosas, incompreensíveis e enigmáticas, quando o senso comum já não sabe o que pensar e dizer e as ciências e as artes ainda não sabem o que pensar e dizer.

Esta última descrição da atividade filosófica capta a Filosofia como análise (das condições da ciência, da religião, da arte, da moral), como reflexão (isto é, volta da consciência para si mesma para conhecer-se enquanto capacidade para o conhecimento, o sentimento e a ação) e como crítica (das ilusões e dos preconceitos individuais e coletivos, das teorias e práticas científicas, políticas e artísticas), essas três atividades (análise, reflexão e crítica) estando orientadas pela elaboração filosófica de significações gerais sobre a realidade e os seres humanos.
Além de análise, reflexão e crítica, a Filosofia é a busca do fundamento e do sentido da realidade em suas múltiplas formas indagando o que são, qual sua permanência e qual a necessidade interna que as transforma em outras.
O que é o ser e o aparecer-desaparecer dos seres?

A Filosofia não é ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedimentos e conceitos científicos.
Não é religião: é uma reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças religiosas.
Não é arte: é uma interpretação crítica dos conteúdos, das formas, das significações das obras de arte e do trabalho artístico.
Não é sociologia nem psicologia, mas a interpretação e avaliação crítica dos conceitos e métodos da sociologia e da psicologia.
Não é política, mas interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem, a natureza e as formas do poder.
Não é história, mas interpretação do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no tempo e compreensão do que seja o próprio tempo.
Conhecimento do conhecimento e da ação humanos,
conhecimento da transformação temporal dos princípios do saber e do agir,
conhecimento da mudança das formas do real ou dos seres,
a Filosofia sabe que está na História e que possui uma história.

Inútil?
Útil?

O primeiro ensinamento filosófico é perguntar:
O que é o útil?
Para que e para quem algo é útil?
O que é o inútil?
Por que e para quem algo é inútil?

O senso comum de nossa sociedade considera útil o que dá prestígio, poder, fama e riqueza.
Julga o útil pelos resultados visíveis das coisas e das ações, identificando utilidade e a famosa expressão “levar vantagem em tudo”.
Desse ponto de vista, a Filosofia é inteiramente inútil e defende o direito de ser inútil.

Não poderíamos, porém, definir o útil de outra maneira?

Platão definia a Filosofia como um saber verdadeiro que deve ser usado em benefício dos seres humanos.

Descartes
dizia que a Filosofia é o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito de todas as coisas que os humanos podem alcançar para o uso da vida, a conservação da saúde e a invenção das técnicas e das artes.

Kant
afirmou que a Filosofia é o conhecimento que a razão adquire de si mesma para saber o que pode conhecer e o que pode fazer, tendo como finalidade a felicidade humana.

Marx
declarou que a Filosofia havia passado muito tempo apenas contemplando o mundo e que se tratava, agora, de conhecê-lo para transformá-lo, transformação que traria justiça, abundância e felicidade para todos.

Merleau-Ponty escreveu que a Filosofia é um despertar para ver e mudar nosso mundo.

Espinosa afirmou que a Filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade.

Qual seria, então, a utilidade da Filosofia?

Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil;
se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil;
se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil;
se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil;
se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil,
então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes
de que os seres humanos são capazes.
Convite à Filosofia
De Marilena Chaui
Ed. Ática, São Paulo, 2000.
Introdução - Para que Filosofia?