QUEM CALA CONSENTE E É CÚMPLICE
Não quero o silêncio culto e tácito
Das bocas caladas pelo medo;
Não quero ouvir os que choram
E os que lamentam em segredo...
Não quero minha voz embargada
Pela pressão silenciosa
Da solidão que não diz nada
E da razão que se faz muda...
Eu quero o mundo em polvorosa;
Quero a canção, quero o sorriso...
Quero gritar, se for preciso...
Não quero o silêncio assim imposto
Como um tapa que arde no meu rosto!
Eu quero o silêncio sim, mas quero ainda
Poder falar tudo o que sinto;
Poder sentir tudo o que fale...
Eu quero decidir quando me cale!
Não quero a minha voz presa no peito
Enquanto o mundo grita ao meu redor!
Eu quero decidir; é meu direito
E não lutar por ele é omissão!
Silêncio! Não consigo ouvir direito!
Há um barulho estranho no meu peito
E não parece ser meu coração!
Reinaldo Luciano
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