"Peço a vocês que, caso seja condenado à morte, levem em conta que sou um militar, e que portanto a execução seja realizada com tiros, e não na forca, como um criminoso qualquer."
Obs.: Em 2006, em apelo ao Tribunal Penal Supremo do Iraque. [ Saddam Hussein ] DIGNIDADE JUSTIÇA ORGULHO "Estamos prontos para sacrificarmos nossas almas, nossas crianças e nossas famílias para não entregar o Iraque. Assim dizemos e ninguém acreditará que a América é capaz de violar a vontade dos iraquianos com suas armas."
"Não estamos intimidados pelo tamanho do exército, nem pelo tipo de armamento que os EUA trouxeram."
"Não responderei a esse suposto tribunal. Mantenho meus direitos constitucionais como Presidente do Iraque".
19 de setembro: "Eu declaro diante de todos vocês que o Iraque não possui qualquer tipo de arma nuclear, química ou biológica" (Saddam Hussein em mensagem à Assembléia Geral da ONU)
20 de março: "O criminoso Bush cometeu um crime contra a humanidade" (Saddam, no primeiro dia da invasão)
(Vamos ver se será cumprida a promessa de Barack Obama, eleito Presidente dos EUA) "Essa foi uma guerra imprudente a qual eu me opus em 2002 e a qual eu vou colocar um fim em 2009" (pré-candidato democrata Barack Obama).
"Se querem o pescoço de Saddam, peguem. Não tenho medo da execução".
"Não há outra alternativa para aqueles que escolhem a ameaça e a agressão a não ser a expulsão", afirmou Saddam durante um pronunciamento
O líder iraquiano afirma que "Deus está nos protegendo. Deus é grande".
Saddam Hussein declarou que "pessoas más" que ameaçam os países árabes e muçulmanos devem ser jogadas no "lixo da história". (Em sua primeira aparição pública depois que o governo americano disse que gostaria de vê-lo fora do poder)
"Diante da humanidade passiva em relação ao enforcamento de Hussein _'infeliz evento', conforme o governo da Índia_, a sociedade, que se quedou omissa, não poderá, por um tempo, falar em direitos humanos. De nada adiantou toda a discussão que houve até hoje em torno deles.O que encontramos foi a realidade tão velha quanto a própria humanidade: vingança. É bom que se comece, e rápido, a engatinhar no caminho da justeza da punição."
ANA CAROLINA COUTO PEREIRA PINTO (Goiânia, GO)
"É impressionante o poder da mídia americana quando quer destruir um adversário. É o caso de Saddam Hussein. 'Ditador sanguinário', 'responsável por massacres do seu povo' etc. são as manchetes diárias, em todo mundo. Nestes dois anos, Bush já matou e aleijou mais iraquianos e americanos do que todo o período de Saddam. O mundo condena a execução de Saddam, exceto exilados iraquianos que vivem nos EUA."
ANTONIO NEGRÃO DE SÁ (Rio de Janeiro, RJ)
"Não vou entrar no mérito de discutir quem foi Saddam Hussein nem o que ele representou para o Iraque e para o mundo. Nem mesmo a data escolhida para enforcá-lo.O que quero levantar é até que ponto um país invade o outro, prende seu presidente, faz um julgamento arbitrário e executa esse líder sem o menor pudor. Os protestos não foram ouvidos ou sequer respeitados. Quantos países precisarão ser invadidos de maneira despótica e ter seus presidentes presos e assassinados para que alguma providência seja tomada? Quantas pessoas precisarão ser mortas pelos 'ditadores' americanos que se mascaram atrás de uma suposta, patética e risível 'luta pela liberdade'? Até quando os EUA ficarão impunes? Só espero que esse imperialismo americano (palavrinha antiga, entretanto atualíssima) seja interrompido antes que seja tarde. Se já não é."
ANA PAULA BONIFÁCIO (Rio de Janeiro, RJ)
A seguir, a íntegra do discurso de Saddam Hussein levado ao ar pela TV iraquiana logo após os primeiros ataques americanos, na quarta-feira (19/03/2003):
..."No ano de 1424 do calendário Hijra [muçulmano], o criminoso insensato pequeno Bush e seus cúmplices cometeram o crime com o qual ele ameaçara o Iraque e a humanidade. Ele cometeu seu ato criminoso _com aqueles que o ajudaram_ e, ao lado de seus cúmplices, acrescentou à série de crimes desavergonhados cometidos contra o Iraque e a humanidade o início de crimes adicionais.
Ó iraquianos e bravos homens de nosso país.
Em nome de vocês, em nome de nossa gloriosa nação, em nome da bandeira do jihad e de sua religião, dos valores preciosos, da família e das crianças.
Não quero repetir o que deve ser e o que precisa ser feito para defender a querida nação e tudo o que é sagrado, mas o direi.
Cada um de nós da família do fiel e paciente Iraque, oprimido por seus inimigos malignos, deve se lembrar e não esquecer que estes dias o ajudarão a conquistar a glória que merece diante de Deus.
Que os infiéis, inimigos de Deus e da humanidade, sejam humilhados.
Vocês serão vitoriosos, iraquianos, e, com vocês, os filhos de sua nação.
Pela vontade de Deus, vocês serão vitoriosos e seus inimigos serão humilhados e desonrados, se Deus quiser.
Desembainhe sua espada sem medo, sem hesitação.
Desembainhe sua espada, e que Saturno seja testemunha.
Desembainhe sua espada, o inimigo arde em fogo lento.
Ninguém pode intrigá-lo exceto um herói prudente.
Sele os cavalos e solte seus arreios.Pois em sua união há esperança.
Que o raio ecoe na noite de fogo, assim a verdade aparece e a injustiça é derrotada, brilha, no rosto da escuridão, enquanto se aprofunda.
Alumie seu candeeiro e mantenha o fogo ardendo, temido pelos vis subservientes.
Empunhe sua espada e a faça brilhar nenhum vencedor, exceto o homem determinado.
Faça a bandeira tremular em cada mastro.
Ore a Deus, a ferida vai curar.
Ó bravos homens, opositores do mal no mundo. Vocês notaram como o insensato Bush zombou de suas posições e opiniões contra a guerra e seu chamado honesto por paz, cometendo seu crime terrível hoje.
Juro a vocês, em nome da liderança e da população iraquianas, que o Iraque vai conduzir o jihad com o Exército heróico do Iraque da civilização, da história e da crença.
Vamos combater os invasores e, se Deus quiser, levá-los a perder a paciência e se perderem. Eles _que exageraram com seus crimes e atos maus_ vão sofrer a derrota que todo fiel zeloso e amante da humanidade deseja para eles.
O Iraque será vitorioso, e, com o Iraque, nossa nação e a humanidade serão vitoriosas, e o mal será atingido a tal ponto que não mais poderá cometer crimes, e será atingido pelo que a aliança criminosa americano-sionista cometeu contra nações e povos, principalmente contra nossa gloriosa nação árabe.
Allahu Akbar Allahu Akbar [Deus é grande].
Viva a nossa gloriosa nação e os amantes da paz, da segurança e do direito das pessoas de viver livremente com base na justiça.
Viva o jihad.
Viva a Palestina."
Nome de Sadam será a bandeira da vitória da nação iraquiana
Presidente do Iraque e líder da maior revolução nacional em um país árabe, pela coragem e serenidade com que enfrentou o martírio, tornou-se herói de seu povo e de todos os homens livres
Sadam Hussein viveu como um homem e morreu como um homem.
Presidente do Iraque e líder da maior revolução nacional em um país árabe, só comparável àquela liderada por Nasser no Egito dos anos 50, seu nome será para sempre a bandeira da vitória do povo iraquiano e da nação árabe. Mais do que isso, seu martírio, por algozes particularmente repulsivos, deixou claro que se trata de um daqueles grandes homens dos quais a Humanidade pode se orgulhar e, antes de tudo, se identificar.
Sadam já havia conquistado esse lugar. Mas seu assassinato, especialmente nas condições em que se deu, fará com que pessoas até então aneste-siadas ou mesmo intoxicadas pela campanha difamatória contra ele, percebam a sua grandeza, a sua estatura heróica, o seu lugar naquela galeria de onde Lumumba, Che e outros da mesma estirpe hoje iluminam a condição humana.
Como disse ele em sua última carta ao povo iraquiano (V. a íntegra na página 6), “A escória desaparece como a espuma se esvai, enquanto o que é para o bem da Humanidade permanece sobre a terra”. Nenhum líder popular, com exceção provavelmente de Stalin, foi tão difamado. E por quem? Pelo aparelho de propaganda da CIA, pelos monopólios imperialistas, por seus beleguins escritos, impressos ou televisados. E por quê? Porque tornara o seu país independente do imperialismo, porque nacionalizara o petróleo iraquiano, porque chefiava um Estado popular, ou seja, democrático no mais preciso sentido do termo. O Iraque era, até a primeira invasão, e mesmo depois, sob o bloqueio que matou um milhão e meio de iraquianos, o país mais avançado entre os países árabes, o de maior nível de escolaridade, o de maior produção científica, o de maior desenvolvimento das relações sociais.
ÓDIO DE CAPACHO
Realmente, seria um fenômeno miraculoso se essa ralé gostasse de Sadam. A prova mais cabal do que verdadeiramente Sadam significa, é esse ódio alucinado que todos os inimigos do gênero humano dedicaram a ele. Um ódio contra alguém que havia dito, na década de 80, ao jornalista egípcio Amir Iskander: “Eu não posso imaginar que o homem possa viver sem amor. Um homem assim é mais nocivo do que o homem que decide ser nocivo. Não concebo que possa existir a vida sem amor. O amor não é somente um estado que une aos noivos ou aos esposos. O amor é um vínculo entre o homem e seus filhos, entre o homem e a Humanidade. Mas o amor maior é aquele do homem pelo povo. Não minimizo, em absoluto, a importância da relação do homem com sua esposa ou com seus filhos. Digo simplesmente que o amor que descrevi é de natureza superior e mais profundo”.
Como sempre acontece com aqueles que generosamente doam suas vidas para que seu povo e a Humanidade sejam livres, o momento de sua morte foi a condensação de sua vida. Assim ele entrou para a imortalidade: sereno, com a coragem que sempre demonstrou na luta pela liberdade. Ante meia dúzia de lacaios asquerosos, desclassificados, marginais e vagabundos que traíram seu país e seu povo, Sadam mostrou-se o gigante, tanto quanto aquela corja mostrou sua natureza de inseto.
O VÍDEO E O CRIME
É sintomático que, depois de divulgado o vídeo do crime, a mídia americana e suas crias aqui no Brasil e em outros países queiram agora desvincular o establishment americano do assassinato. E, em seguida, tentou a mesma coisa o próprio governo americano, aquele mesmo que tem no cargo principal um elemento que dias antes havia dito que o assassinato de Sadam era uma “vitória da democracia”. Apareceu até um general americano para dizer que quis “adiar a execução”, mas que não podia ferir a “soberania” iraquiana.
Como se as quadrilhas financeiras que dominam o Estado dos EUA se preocupassem muito com a soberania do Iraque, ao qual invadiram, destruíram, derrubaram o governo constitucional, e implantaram uma ocupação fascista. Como se os seus lacaios fizessem alguma coisa que eles não quisessem, e não ficassem instantaneamente de quatro a um mero rosnado de um general ianque - aliás, nem precisa ser um general. E como se assassinar o líder da luta pela independência e soberania do Iraque não fosse, precisamente, a tentativa de destruir aquela independência e soberania.
Por ser o líder dessa luta, Sadam é, e agora mais será, querido por dezenas de milhões dentro do Iraque. Tão querido pelo povo que, na tentativa de eliminá-lo, a maior potência imperialista, com suas dezenas de agências especializadas em tramar golpes de Estado, teve que invadir o país, bombardear barbaramente as cidades, matar centenas de milhares de homens, mulheres e crianças, destruir a economia inteira, instalar campos de concentração, torturar e assassinar milhares de prisioneiros, e, mesmo assim, quatro anos depois, não conseguiram submeter esse povo indomável. Muito pelo contrário, a luta da qual Sadam é agora o símbolo, afoga as hordas invasoras no próprio sangue. A cada mês, segundo eles mesmos, aumenta o número de soldados que voltam para casa em sacos escuros e a legião de mutilados que deambula pelos hospitais militares americanos – que hoje já está em 20 mil homens e mulheres.
CASTA IMPERIAL
O assassinato de Sadam foi um crime típico da casta imperialista que sufoca os EUA. Até mesmo na forma, onde o linchamento e enforcamento do inocente substitui a pena do culpado, e onde a Justiça é substituída pela Ku Klux Klan. Que essa mídia nojenta queira desvincular os EUA desse crime hediondo ao mesmo tempo em que tenta justificá-lo, apenas mostra a sua decomposição moral, ideológica e política. Porém, mostra, ao mesmo tempo, o seu fracasso e a sua impotência diante de seres humanos decididos a serem livres.
Não por acaso o crime se deu exatamente quando as hordas invasoras estão em sangria quase desatada, com perspectiva pior do que tinham no Vietnã. Que Bush e cia. tenham a ilusão de que podem escapar desse destino com o assassinato de Sadam, apenas demonstra que tipo de débeis mentais estão agora na cúpula do império americano. Mas, além desse delírio, por que assassinaram Sadam agora, sem nem esperar pela farsa do próximo “julgamento”, que seria, segundo eles, de crimes muito piores do presidente iraquiano? Não é apenas porque esses “crimes”, ao contrário daqueles que perpetram, são uma farsa. É, sobretudo, porque Sadam havia esfrangalhado a farsa, e continuaria a esfrangalhá-la, a acusar e desmoralizar publicamente os acusadores, a revelar o que são eles, a que interesses eles servem. No entanto, é talvez uma ilusão pior ainda, pois a própria coragem de Sadam na hora da morte é a acusação mais irretorquível que poderiam sofrer. Para chegar até aí, assassinaram nove advogados e substituíram quatro vezes o “juiz” que eles mesmos nomearam, e isso somente fez com que, diante do mundo, eles próprios fossem réus marcados por um crime hediondo.
Os criminosos do império ianque pagaram caro – e ainda não terminaram de pagar – pelo assassinato de Lumumba e do Che. Foram milhões, em todo o mundo, os que se levantaram, de repente atingidos pela luz do martírio desses heróis. Mas hoje a maior parte do planeta e, sobretudo, o povo iraquiano e os árabes, já estão, de uma forma ou de outra, em levante. O Oriente Médio, onde é abundante o petróleo que move a economia imperialista, é hoje o principal campo de batalha da Humanidade. Ao mesmo tempo, a luta e a revolução avançam no outro reservatório de petróleo do mundo, a América Latina.
Sadam é agora herói de todos os homens livres e, sobretudo, daqueles que querem ser livres.
Foi isso o que os assassinos conseguiram.
CARLOS LOPES
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