terça-feira, 9 de dezembro de 2008

DIREITO DIVINO CAUSA MALDIÇÃO AOS PALESTINOS



Uma maldição arqueológica em
Jerusalém



Do outro lado das muralhas da antiga Jerusalém, em direção ao
vale conhecido como “Bacia Sagrada”, encontram-se as simples
casas de blocos de pedra que compõem Silwan, um bairro árabe da
única cidade considerada sagrada para o Islam, Cristianismo e
Judaísmo.

Acostumados a viver às sombras da história e da
religião, a uma distância mínima da Mesquita de Al-Aqsa, terceiro
local mais sagrado para o Islam
, e do Monte das Oliveiras, onde
Jesus Cristo transmitiu alguns de seus ensinamentos, conforme
descrição bíblica, é no mínimo irônico conceber que a arqueologia
desses locais sagrados se tornou, na realidade, uma maldição para
os palestinos dos Territórios Ocupados
.

Desde o início da década de 1990, Silwan passou a ser alvo de
colonos judeus extremistas
, determinados a ocupar o bairro
palestino
em nome de um “direito divino”, que lhes garante que a
Terra Sagrada é “exclusivamente judaica”.




Nos anos recentes, pelo
menos 25 famílias judaicas, somando cerca de 250 pessoas,
expulsaram palestinos de seus lares originais, com apoio de
militares israelenses, e os tornaram fortificadas moradas em que a
bandeira da entidade sionista impera com autoridade.


Isso é fato
comum em Jerusalém Oriental, mas apenas em Silwan os colonos
judeus desafiam a lei e os direitos da nação palestina tão
abertamente
.




As organizações sionistas, com a ajuda de doadores
do exterior
(muitos deles no Brasil),
ambicionam tornar qualquer
acordo de paz impossível
, garantindo que Jerusalém Oriental nunca
se tornará a capital de um imaginável Estado palestino.



Considerado pelos historiadores judeus como o local exato da
fundação da “Cidade de Davi”, o berço da Jerusalém bíblica,


Silwan
é situado exatamente abaixo dos alicerces da cidade antiga, um
local repleto de vestígios da antiguidade e, principalmente, de
túneis.


A sua descoberta e valorização durante os anos 1980, por
meio da criação de um “percurso arqueológico”, atraiu famílias
judaicas
à área que até então era habitada exclusivamente por
palestinos
.


Quem está à frente dessa campanha de “judaização” do
bairro árabe é a associação Elad, um grupo de colonos judeus
radicais que recebeu a concessão do terreno do Serviço das
Antiguidades Israelenses e que, desde então, tornou-se especialista
em utilizar o subsolo de Jerusalém como um instrumento para fins
políticos sionistas
.




Desde o início dos anos 1990, por meio do uso
de métodos de assédio jurídico, falsificação de documentos e ao
recrutamento ilegal de colaboradores, a Elad conseguiu apoderar-se
de mais de 50 habitações em pleno centro de Silwan.

Inicialmente, fendas começaram a aparecer no meio das ruas de
Silwan
.
Depois, surgiram fissuras nas estruturas das casas da
região
.
Por fim, enormes rachaduras se abriram em residências,

comércios e instalações públicas, como escolas e creches.


Esses
foram os primeiros sinais da Elad.


Antes mesmo de os palestinos
saberem de que se tratava, os sionistasescavavam debaixo de
seus lares.


Mas foi somente em 1998, após um dúbio acordo entre
a organização e o governo municipal de Jerusalém, que a Elad foi
autorizada a escavar livremente o parque arqueológico, visto que
Silwan desapareceu do mapa e se tornou a “Cidade de Davi”.


Desde então, placas de sinalização e os mapas israelenses não
fazem qualquer menção ao bairro árabe e à dezena de milhares de
habitantes palestinos da região.


Ironicamente, o Serviço das
Antiguidades Israelenses
, que
concedeu o terreno de Silwan à
Elad, tornou-se vítima da própria
organização sionista.



“Esse é
um local importante, mas a Elad
tem uma agenda muito clara”,


disse Yonathan Mizrachi, um arqueologista que fazia parte do
Serviço das Antiguidades Israelenses.



“Eles querem usar a
arqueologia, inclusive falsos trabalhos arqueológicos, para dar
cobertura à agenda política de expulsar os palestinos de Silwan. Se
a Elad convencer as pessoas de que eles descobriram o lar original
do Rei Davi, será fácil para eles justificarem uma remoção dos
palestinos”, declarou o arqueólogo israelense.



A missão sionista da
Elad colocou o Serviço das Antiguidades Israelenses em uma
posição complicada, e levou a um descrédito mundial o órgão do
governo.


Enquanto o mundo permanece ignorante quanto à realidade na
Palestina
, confiando cegamente na mídia corporativa ocidental, a
Elad tem ampliado os projetos colonialistas em Jerusalém.
Em maio
desse ano, o governo aprovou um plano da organização pra
construir um novo complexo residencial,
uma sinagoga, uma escola
maternal
, uma livraria e um estacionamento subterrâneo para mais
de 100 veículos,
somente para judeus, sobre terras palestinas.
Em
julho, famílias palestinas que haviam enviado ao governo uma
petição contra o plano tiveram seus lares invadidos: homens,
mulheres e crianças foram detidos pela polícia, e as residências
foram marcadas para demolição
.

Infelizmente, a arqueologia de
Jerusalém se tornou uma maldição para os palestinos.

Enquanto
isso, Shuka Dorfman, atual diretor do Serviço das Antiguidades
Israelenses,
mantém a sua posição de que “sou contra trazer
política para o campo da arqueologia”
.

Nada é mais irônico do que o
Estado de Israel. 


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