Nome de Sadam será a bandeira da vitória da nação iraquiana
Presidente do Iraque e líder da maior revolução nacional em um país árabe, pela coragem e serenidade com que enfrentou o martírio, tornou-se herói de seu povo e de todos os homens livres
Sadam Hussein viveu como um homem e morreu como um homem.
Presidente do Iraque e líder da maior revolução nacional em um país árabe, só comparável àquela liderada por Nasser no Egito dos anos 50, seu nome será para sempre a bandeira da vitória do povo iraquiano e da nação árabe.
Mais do que isso, seu martírio, por algozes particularmente repulsivos, deixou claro que se trata de um daqueles grandes homens dos quais a Humanidade pode se orgulhar e, antes de tudo, se identificar.
Sadam já havia conquistado esse lugar.
Sadam já havia conquistado esse lugar.
Mas seu assassinato, especialmente nas condições em que se deu, fará com que pessoas até então anestesiadas ou mesmo intoxicadas pela campanha difamatória contra ele, percebam a sua grandeza, a sua estatura heróica, o seu lugar naquela galeria de onde Lumumba, Che e outros da mesma estirpe hoje iluminam a condição humana.
Como disse ele em sua última carta ao povo iraquiano (V. a íntegra na página 6),
Como disse ele em sua última carta ao povo iraquiano (V. a íntegra na página 6),
“A escória desaparece como a espuma se esvai, enquanto o que é para o bem da Humanidade permanece sobre a terra”.
Nenhum líder popular, com exceção provavelmente de Stalin, foi tão difamado.
E por quem?
Pelo aparelho de propaganda da CIA, pelos monopólios imperialistas, por seus beleguins escritos, impressos ou televisados.
E por quê?
Porque tornara o seu país independente do imperialismo, porque nacionalizara o petróleo iraquiano, porque chefiava um Estado popular, ou seja, democrático no mais preciso sentido do termo. O Iraque era, até a primeira invasão, e mesmo depois, sob o bloqueio que matou um milhão e meio de iraquianos, o país mais avançado entre os países árabes, o de maior nível de escolaridade, o de maior produção científica, o de maior desenvolvimento das relações sociais.
ÓDIO DE CAPACHO
Realmente, seria um fenômeno miraculoso se essa ralé gostasse de Sadam.
A prova mais cabal do que verdadeiramente Sadam significa, é esse ódio alucinado que todos os inimigos do gênero humano dedicaram a ele.
Um ódio contra alguém que havia dito, na década de 80, ao jornalista egípcio Amir Iskander:
“Eu não posso imaginar que o homem possa viver sem amor. Um homem assim é mais nocivo do que o homem que decide ser nocivo. Não concebo que possa existir a vida sem amor. O amor não é somente um estado que une aos noivos ou aos esposos. O amor é um vínculo entre o homem e seus filhos, entre o homem e a Humanidade. Mas o amor maior é aquele do homem pelo povo. Não minimizo, em absoluto, a importância da relação do homem com sua esposa ou com seus filhos. Digo simplesmente que o amor que descrevi é de natureza superior e mais profundo”.
Como sempre acontece com aqueles que generosamente doam suas vidas para que seu povo e a Humanidade sejam livres, o momento de sua morte foi a condensação de sua vida.
Assim ele entrou para a imortalidade: sereno, com a coragem que sempre demonstrou na luta pela liberdade.
Ante meia dúzia de lacaios asquerosos, desclassificados, marginais e vagabundos que traíram seu país e seu povo, Sadam mostrou-se o gigante, tanto quanto aquela corja mostrou sua natureza de inseto.
O VÍDEO E O CRIME
É sintomático que, depois de divulgado o vídeo do crime, a mídia americana e suas crias aqui no Brasil e em outros países queiram agora desvincular o establishment americano do assassinato. E, em seguida, tentou a mesma coisa o próprio governo americano, aquele mesmo que tem no cargo principal um elemento que dias antes havia dito que o assassinato de Sadam era uma “vitória da democracia”. Apareceu até um general americano para dizer que quis “adiar a execução”, mas que não podia ferir a “soberania” iraquiana.
Como se as quadrilhas financeiras que dominam o Estado dos EUA se preocupassem muito com a soberania do Iraque, ao qual invadiram, destruíram, derrubaram o governo constitucional, e implantaram uma ocupação fascista. Como se os seus lacaios fizessem alguma coisa que eles não quisessem, e não ficassem instantaneamente de quatro a um mero rosnado de um general ianque - aliás, nem precisa ser um general. E como se assassinar o líder da luta pela independência e soberania do Iraque não fosse, precisamente, a tentativa de destruir aquela independência e soberania.
Por ser o líder dessa luta, Sadam é, e agora mais será, querido por dezenas de milhões dentro do Iraque. Tão querido pelo povo que, na tentativa de eliminá-lo, a maior potência imperialista, com suas dezenas de agências especializadas em tramar golpes de Estado, teve que invadir o país, bombardear barbaramente as cidades, matar centenas de milhares de homens, mulheres e crianças, destruir a economia inteira, instalar campos de concentração, torturar e assassinar milhares de prisioneiros, e, mesmo assim, quatro anos depois, não conseguiram submeter esse povo indomável. Muito pelo contrário, a luta da qual Sadam é agora o símbolo, afoga as hordas invasoras no próprio sangue. A cada mês, segundo eles mesmos, aumenta o número de soldados que voltam para casa em sacos escuros e a legião de mutilados que deambula pelos hospitais militares americanos – que hoje já está em 20 mil homens e mulheres.
CASTA IMPERIAL
O assassinato de Sadam foi um crime típico da casta imperialista que sufoca os EUA.
Até mesmo na forma, onde o linchamento e enforcamento do inocente substitui a pena do culpado, e onde a Justiça é substituída pela Ku Klux Klan.
Que essa mídia nojenta queira desvincular os EUA desse crime hediondo ao mesmo tempo em que tenta justificá-lo, apenas mostra a sua decomposição moral, ideológica e política.
Porém, mostra, ao mesmo tempo, o seu fracasso e a sua impotência diante de seres humanos decididos a serem livres.
Não por acaso o crime se deu exatamente quando as hordas invasoras estão em sangria quase desatada, com perspectiva pior do que tinham no Vietnã. Que Bush e cia. tenham a ilusão de que podem escapar desse destino com o assassinato de Sadam, apenas demonstra que tipo de débeis mentais estão agora na cúpula do império americano. Mas, além desse delírio, por que assassinaram Sadam agora, sem nem esperar pela farsa do próximo “julgamento”, que seria, segundo eles, de crimes muito piores do presidente iraquiano?
Não é apenas porque esses “crimes”, ao contrário daqueles que perpetram, são uma farsa.
É, sobretudo, porque Sadam havia esfrangalhado a farsa, e continuaria a esfrangalhá-la, a acusar e desmoralizar publicamente os acusadores, a revelar o que são eles, a que interesses eles servem. No entanto, é talvez uma ilusão pior ainda, pois a própria coragem de Sadam na hora da morte é a acusação mais irretorquível que poderiam sofrer.
Para chegar até aí, assassinaram nove advogados e substituíram quatro vezes o “juiz” que eles mesmos nomearam, e isso somente fez com que, diante do mundo, eles próprios fossem réus marcados por um crime hediondo.
Os criminosos do império ianque pagaram caro – e ainda não terminaram de pagar – pelo assassinato de Lumumba e do Che.
Foram milhões, em todo o mundo, os que se levantaram, de repente atingidos pela luz do martírio desses heróis. Mas hoje a maior parte do planeta e, sobretudo, o povo iraquiano e os árabes, já estão, de uma forma ou de outra, em levante.
O Oriente Médio, onde é abundante o petróleo que move a economia imperialista, é hoje o principal campo de batalha da Humanidade. Ao mesmo tempo, a luta e a revolução avançam no outro reservatório de petróleo do mundo, a América Latina.
Sadam é agora herói de todos os homens livres e, sobretudo, daqueles que querem ser livres.
Foi isso o que os assassinos conseguiram.
CARLOS LOPES
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